A Garota da Capa Vermelha

A adaptação do clássico conto da Chapeuzinho Vermelho foi mais suave do que alguns pensaram a princípio. Não surpreende mas também não decepciona - é um ótimo conto de fadas para adolescentes.

Esta versão da lenda que possui mais de 700 anos foi escrita por Catherine Hardwicke, a diretora do primeiro "Crepúsculo". O que demonstra claramente a intenção da Warner Bros de fazer não um filme baseado no verdadeiro conceito dos contos de fadas e sim fazer um filme recheado com a fórmula que já rendeu muita bilheteria do público. E assim como o conto insuportável de Stephanie Meyer a história é vista pela perspectiva da donzela adolescente, Valerie (Amanda Seyfried como a tal Chapeuzinho Vermelho) que ao menos é bonita e um pouquinho mais ativa do que a sonsa Bella, embora ambas pareçam ter saído dos folhetins de jornaleiro.

Claro que, sendo uma versão adolescente da lenda, as comparações com Crepúsculo são inevitáveis temos a garota apaixonada por um rapaz misterioso (Shiloh Fernandez com seu cabelo a la Edward Cullen)

sofrendo os ocasionais dramas adolescentes de uma camponesa medieval prometida á outro rapaz que teoricamente lhe poderia dar uma vida melhor. O que difere nessa história é sua temática feudalista e uma atmosfera sombria - mas que nem de longe pode ser comparada a qualquer outro filme de terror

com lobisomens.

a semelhança com Crepúsculo NÃO é mera coincidência

O tal lobisomem na verdade é um gigantesco lobo negro criado em computação gráfica e que realiza uma agradável sequência de batalha e massacre (muito embora não haja sangue e ferimentos nas vítimas devido á faixa etária ao qual se destina). O único ator ainda em ativa no elenco é Gary Oldman (uma pena ver o Drácula de Strocker nessa situação), que interpreta o padre-caçador Solomon - um homem que utiliza métodos estranhos e sem sentido em suas emboscadas. Mas claro que ele não é menos pior do que os personagens coadjuvantes com os seus segredos dignos de novela mexicana.

Embora insinue o mito de que lobisomens não podem pisar em solo sagrado, em nenhum momento o filme volta-se para uma temática religiosa e a explicação para a existência de criaturas lupinas sequer é apresentada.

Todos os elementos básicos sobre a lenda de lobisomens estão presentes. O efeito de armas em prata, a possibilidade de se criar outro lobisomem durante a lua vermelha e etc. Mas não espere ver banhos de sangue e a transformação dolorosa de um humano em fera, afinal estamos falando de uma obra

voltada ao público de jovens sonhadoras que sentem-se atraídas pelo "mau".

Além do casal romântico, a heroína  aprisionada, colocada em sacrifício, passa a crer que qualquer pessoa á sua volta possa ser o lobisomem que deseja levá-la e esse mistério tenta sustentar a história até o final.

Talvez a única coisa interessante no filme seja a referência que faz á diferentes fábulas e mitos envolvendo lupinos. A dança pagã em festas de camponeses parece fiel até certo ponto (depois a diretora resolveu mesclar isso com duas adolescentes insinuando um lesbianismo típico de adolescentes para enciumar o namorado), brincadeiras sobre o conto dos 3 Porquinhos e até o clássico diálogo da chapeuzinho vermelho e o lobo vestido de vovó (que se mostra constrangedor). A cena do ataque do lobo ao vilarejo é uma tentativa de copiar (ou melhor, relembrar) a cena clássica do filme O Lobisomem (cujo excelente remake teve o ator  Guilhermo del Toro).

Enfim, a Garota da Capa Vermelha não é nada mais do que um marketing cinematográfico, sem qualquer consideração pela lenda que o originou. Sua função é divertir a sessão da tarde, que certamente agradará ás adolescentes da mesma linha que Crepúsculo. Pelo menos aqui o galã misterioso aceita

usufruir da garota. Levando ao pé da letra  que as meninas de hoje preferem o lobo. Pois o lobo te vê melhor, te ouve melhor e ainda te come.

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