Labirinto - A Magia do Tempo

Considero (assim como muitos) este filme de fantasia um dos mais memoráveis e aberto a interpretações que povoaram a infância.

Produzid oem 1986, Labirinto A Magia do Tempo, é um filme marcante com a direção de John Henson e produzido pelo estúdio Tristar em parceria com a Lucas Film. Muito provavelmente poucos são aqueles que tem conhecimento desta obra, mas aqueles que a conhecem compõem um grupo deveras fiel.

Labirinto possui uma história interessante, mas os efeitos especiais são de qualidade questionável. Porém, por alguma razão, isso parece ser proposital para conceder, talvez, um toque bizarro á produção.

Na trama, conhecemos Sarah (Jennifer Conelly), uma linda adolescente que, á pedido (ou melhor, ordem) de seu pai e madrasta é incubida de cuidar de seu irmãozinho Toby enquanto eles saem para uma festa.

Isso não era nem um pouco trabalhoso, mas naquele dia Sarah estava de mau humor, de modo que pouco se preocupava com os choros dassustados de Toby devido á tempestade que se iniciava. Acalentando o bebê de má vontade, em um momento de nervoso, Sarah pranteia a exclamação que lera em um livro que vinha estudando para uma apresentação teatral:

- Rei dos Goblins, Rei dos Goblins! Por favor, eu desejo que leve esta criança para longe de mim!

Logicamente que Sarah disse aquilo sem crer, porém seu desejo é atendido e, quando volta ao quarto, descobre, horrorizada, que Toby desapareceu. Surge então, á sua frente, o Rei dos Goblins, Jareth. Exótico, misterioso e excêntrico, ele é interpretado por ninguém menos que David Bowie. Isso mesmo.

David Bowie dá vida á um personagem memoravel e sempre que menciona-se o filme "Labirinto", é a imagem dele que surge em nossa mente. Também pudera; a estética do personagem Jareth é uma mescla de elegância, ousadia e esquisistice, bem ao estilo de Bowie. Afinal, só ele para usar aquelas calças ultra justas e ainda parecer atraente.

Aliás, toda a trilha sonora do filme é produzida e cantada por David Bowie. Ele inclusive canta no filme, ilustrando certas passagens do mesmo.

Voltando á história, mesmo intimidade pela presença de Jareth, Sarah exige que ele devolva o irmão. Mas o rei dos Goblins alega que apenas atendeu ao desejo dela, como sempre fazia secretamente. Porém, ele resolve dar uma chance á garota. Levando-a ao mundo dos goblins, Jareth diz que, se ela conseguir ultrapassar o grande labirinto em um período de 13 horas, terá seu irmão de volta. Caso contrário, o bebê ficará lá para sempre, acabando por se transformar em um goblin.

Agora, Sarah terá de enfrentar um longo e perigoso labirinto repleto de criaturas bizarras, em uma corrida contra o tempo. Mas ela não estará sozinha, pois no caminho encontra valiosos e exóticos amigos que a ajudarão a vencer este desafio. Porém, a esperta Sarah sabe que, para reaver seu irmão terá de enfrentar Jareth sozinha.

Labirinto - A Magia do Tempo, é um filme marcante, um clássico. Talvez ele seja assim não por causa de sua produção, dos efeitos especiais ou algo do tipo. Seu sucesso ante o público mais velho provavelmente se dá por dois fatores: o primeiro é a presença de David Bowie e o segundo é a relação entre Jareth e Sarah.

Logo no primeiro momento, vemos que há "algo mais" ali e os fatos vão se comprovando ao decorrer do filme. Sarah está vivenciando a mesma história contida no livro que lia, de modo que o rei dos goblins está a fazer tudo por paixão á ela.

Entretanto, Sarah parece não perceber isso. Não, talvez ela até perceba, mas sabe que o amor de Jareth é dominativo á seu modo, uma necessidade de ele provar ser capaz de subjugar a força de vontade de Sarah que, ambos sabem, é tão forte quanto á dele. A cena do baile de máscaras onde Jareth e Sarah encaram-se silenciosamente ao som de uma bela canção (adivinhem, cantada por David Bowie), cria uma atmosfera romântica e memorável. E a relação de ambos é que parece ser a verdadeira magia da história.

O filme possui elementos retirados de clássicas obras de fantasia: as criaturas bizarras e lugares surreias que nos remetem a Alice no País das Maravilhas, o conceito do labirinto infindável presentes em muitos contos antigos...como em um conto de fadas, possui a donzela-heroína, um desafio aparentemente intransponível, criaturas mitológicas e lugares mágicos.

Porém, ao mesmo tempo que possui semelhanças, possui também grandes diferenças. A heroína conta com a ajuda de amigos, mas é inteligente e independente, sem apelar para a fragilidade. Não é inocente e se mete em encrencas por culpa de sua própria atitude.

A outra diferença é que a heroína não possui um companheiro galante ou um príncipe para resgatá-la e fechar o conto de fadas. No lugar, está o próprio rei dos goblins, que não é necessariamente um vilão, mas um antagonista. Jareth não possui valores batidos de um príncipe, mas sim a postura da genialidade; muito mais sensual do que qualquer príncipe padrão.

E talvez sejam essas diferenças de um casal não-assumido mas comprovado, com uma história embalada por boas músicas (tá, o David Bowie chama muito a atenção), que o filme se tornou o referencial que é hoje.

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