3 de abr. de 2010

FanFics - Divinos Pecados - capítulo 09


Fuga

~*~
  O dia amanhecera movimentado em Karnak. Era o primeiro dia das cerimônias festivas em honra ás duas divindades femininas oriundas das antigas crenças.

A movimentação na cidade encontrava-se ao máximo e o alarde que os comerciantese os turistas fizeram com que Sakura já levantasse com enxaqueca. Para piorar a situação, Ino se encontrava extremamente empolgada com as tais cerimônias e festivais, pondo-se a explicar tudo sobre os ritos para a amiga, que mal prestava atenção. A única coisa que a kunoichi de cabelos róseos disse foi:

- Ino,você sabe muito sobre as tradições de Karnak e a história de Suna. Deveria se casar com um ninja da areia.

Chegaram até a recepção e encontraram uma mesinha afastada próxima á parede onde Shikamaru estava absorto em ler o jornal vespertino. Fumava um cigarro e tinha uma xícara de café á sua frente.
- Se eu não te conhecesse ia dizer que é um homem de família esperando a esposa e os filhos chegarem!
Ele olhou emburrado para a loira e por alguns segundos fitou Sakura antes de colocaro jornal dobrado sobre a mesa. Ela percebeu.

" Shikamaru nunca me olhou dessa forma antes. Que estranho..."


Ino logo tratou de chamar um garçom e pedir alguma coisa leve e sem gordura. Sakura escolheu o mesmo pedido, não porque se preocupava com refeições saudáveis mas sim porque não queria ter que pensar em nada. Não se sentia bem depois daquele sonho na noite anterior - se é que havia sido mesmo um sonho. Talvez essa sensação que sentia fosse causada apenas pela mudança do clima árido de Karnak, muito maior do que em Suna.

" Que decepção! Eu sou uma ninja médica, não deveria ficar desse jeito! Talvez seja melhor eu fazer algum remédio, sei que tenho algumas ervas medicinais na mochila..."


- Ei. - falou a  garota olhando ao redor. - Onde estão os outros? O Kakashi eu sei que não é pontual mas e o Gaara e a Temari?

- Foram para a cerimônia no tal templo de...como é mesmo o nome? Ah, Astaroch. Amanhã irão para um outro templo. Ontem conversamos sobre isso e ficou decidido que a cerimônia prosseguirá depois. - ele se espreguiçou. - Mas não se preocupem. Se quiser poderão aproveitar a cidade um pouco.

- Vocês fizeram uma reunião sem mim e a Sakura?! - resmungou Ino indignada.

- Não discutimos nada de mais! A Temari e o Gaara chamaram só á mim e o Kakashi para falar sobre isso, então não havia necessidade de incomodar vocês.

Claro que isso era uma grande mentira. Mas Shikamaru era um jounin inteligente, capaz de mentir sem qualquer dificuldade. E, por hora era melhor não contar nada sobre a real missão.

Afinal, pelo que havia sido discutido ontem, era mais prudente manter Sakura sem conhecimento do que realmente se consistia a missão. Temari havia deixado claro que a tal "Senhora" da Floresta Proibida ordenara que nada fosse dito á garota, pois ela mesma o faria quando chegassem.

"Mas é óbvio que isso vai dar problema. As coisas nunca saem como esperamos. Kakashi e Temari acreditam que tudo acontecerá como foi planejado e Gaara confia que , se algo sair do controle ele será capaz de conter tudo com seu poder. Mas eu pressinto que as coisas não ficarão assim. Sakura está estranha desde que chegamos em Karnak, mesmo sabendo disfarçar muito bem suas emoções. Se ela subitamente explodir nesta cidade, vai ser um caos. Nessa hora o que vamos fazer? Tenho de pensar em alguma possibilidade estratégica. O problema será planejar algo sendo que desconheço a amplitude desses poderes."

~*~

Quando o sol começou a despontar no horizonte, Kakashi já se encontrava desperto. Apesar de todo o cansaço que sentia, não conseguia dormir mais do que umas poucas horas.

Não tinha como dormir mesmo se o seu corpo clamasse por isso. Havia tanta coisa na qual sua mente pensava constantemente que não demorava para perder o sono.

E, enquanto a noite transcorria, Kakashi permanecia deitado na confortável cama do hotel fitando o teto. Não queria fechar os olhos pois assim que o fazia, a imagem dela surgia em sua mente.

O sorriso sincero, os cabelos esvoaçantes, o corpo esguio e delicado, os lábios atraentes, a voz agradável e os olhos hipnotizantes.

" Concentre-se, homem Você é um shinobi, não se deixe levar pelas emoções! Tenho um dever para com ela e preciso cumprí-lo. Se meu dever fosse amá-la e não protegê-la, as coisas seriam bem mais fáceis."


Mas proteger alguém é uma forma de amar.

Por que esta frase, que lera em um dos muitos livros do Icha Icha Paradise assinados pelo escritor "M" estavam se tornando um de seus argumentos para argumentar contra si próprio?

Se levantou da cama emburrado e foi até o banheiro, tratando de tomar uma ducha gelada antes de se encontrar com os demais. Ao terminar, encarou o próprio reflexo no espelho.

Já estava tão habituado em olhar para si com máscara que era um pouco estranho sem ela. As poucas pessoas que haviam visto a face que ele via agora haviam se surpreendido com sua beleza. Kakashi admitia que já usara esse artifício para convencer algumas mulheres a cair em seus braços.

" Se eu usasse essa tática, será que Sakura iria se deitar comigo?"


Furioso consigo mesmo, tratou de se repreender.

Sem qualquer dúvida ele estava certo quando se auto-afirmava que era um lixo. Um cafajeste. Ele já havia agido dessa forma deplorável com sua amiga de infância, Rin.

Rin. Uma das poucas pessoas que havia descoberto - da pior forma possível - o quanto Hatake Kakashi poderia ser desprezível.

Sim. Isso já fazia sete anos. Rin havia tirado umas férias da Anbu e o reencontro de ambos no mural dos heróis de Konoha havia sido uma coincidência fortuita.

Ao perceber que a amiga ainda nutria sentimentos por sua pessoa, Kakashi não pensou duas vezes em tirar proveito disso. Porém, só beijos com a máscara e encontros repletos de galanteios não era o suficiente pois conhecia Rin o suficiente para saber que ela não era uma garota fácil. Seria um desafio que ele queria cumprir.

Assim, quando ela viu o rosto de Kakashi, deixou a paixão contida aflorar e, como se ficasse hipnotizada, entregou-se á ele inúmeras vezes em uma única noite, realizando a fantasia de que ele fosse o primeiro homem de sua vida. E, por um curto momento, Kakashi acreditou que, talvez, pudesse se render. Até que ouviu aquilo dos lábios dela.

- Você tem o rosto igual ao do Canino Branco.

E isso o perceber que todos viam não Kakashi, mas o Canino Branco de Konoha. O herói que se tornou a vergonha de Konoha, que destruíra corações de mulheres de boas famílias. O maldito canalha que contraiu a doença das prostitutas e a transmitiu para a jovem segunda esposa do terceiro hokage - com a qual mantinha um relacionamento extraconjugal que chegou a ser de conhecimento público. O Canino Branco que trouxera um filho gerado em uma de suas inúmeras aventuras. O ninja que envergonhou Konoha.

E Kakashi tinha o rosto igual ao dele.

Dispensou Rin logo no fim daquela noite. Porque fazia isso, nunca soube. Mas tinha a certeza de uma coisa: não importava o que ele fizesse ou deixasse de fazer, todos sempre veriam o Canino Branco e não o Copy Ninja.

" Queira ou não, é o sangue dele que corre em suas veias. Essa é a verdade e você não pode fugir dela."

Fora isso que o terceiro hokage havia lhe dito. Ele era realmente um homem sábio. Sarutobi jamais o tratou mal apesar de todo os problemas que seu pai lhe causara.

E quanto á Rin? As coisas sempre tendiam a piorar e ela estava grávida. Kakashi tinha consciência de que seu mundo estava prestes a desabar. Não poderia, não queria se casar. Não merecia ter uma vida tranquila, comum e morta. Obito lhe dera seu sharingan e seus sonhos, havia começado a treinar gennins e o Yondaime acreditava em seu potencial. Apesar de tudo, Kakashi precisava e queria lutar para limpar a honra de seu pai e a sua própria.

Pois, apesar de tudo que havia feito, o Canino Branco havia sido um excelente pai, educando e treinando o filho sozinho. E para honrar isso a única forma era se tornar o melhor ninja de Konoha. Amaria sua pátria e seus companheiros, estaria disposto a morrer em nome dessas duas coisas. E nada mais.

E o destino sempre incompreensível fez Rin abortar. E o que era para ser um alívio para Kakashi se tornou um cruel remorso.

" Nós acabamos agora."


Como ele foi capaz de dizer isso á ela pouco depois do ocorrido? Suportou a fúria da moça, os tapas dela em seu rosto, as imprecações e maldições, o desejo de ódio dela sobrepujando a razão e gritando que Ele e não Obito quem deveria estar morto.

Mas Kakashi suportou sem retrucar nenhuma vez. Afinal, ele era igual ao seu pai em tudo.
Depois Rin foi embora e nunca mais a viu. E pouco antes de Sasuke abandonar definitivamente o time 7, teve conhecimento de que ela havia se casado com um médico do país da Agua. Era melhor assim.

" Afinal, seu destino é outro."


Seu sharingan o fitava. Canalha lazarento.

Num impulso, desferiu um soco contra o espelho, estilhaçando-o. Os cacos de vidro perfuraram sua mão em várias partes e o sangue escorreu pela pia branca. A dor física doía menos do que a dor de olhar para o próprio reflexo. Olhar para o pior lado de sua índole.
Jamais deveria ser po causador de qualquer desgraça na vida de Sakura. Se realmente nutria sentimentos sinceros por ela, deveria abdicar dos seus próprios.

~*~

O templo Asta era realmente magnífico, digno dos deuses. Cada detalhe, cada desenho era meticulosamente representado em todas as portas, pilastras e vitrais.

Havia tanta história escondida naquelas paredes...se fechasse os olhos quase podia sentir o cheiro do incenso de mirra queimando, o vento cantando pelos corredores e os sons dos cânticos em louvor ás grandes deusas.

Sabaku no Temari gostava daquilo. As imagens das quais mais se recordava de sua infância eram a dos rituais para agradecer ás deusas pelas estações do ano. E, em cerimônias do Sahaim eram sempre tão belas...como esquecer quando havia participado do Sahaim na Floresta Proibida? Tinha seis anos e fora coroada como iniciada sacerdotisa, cujo dever era servir e honra a Santa Deusa.

Era essa a vida que desejava ter no momento em que vira e conhecera aquela criatura. Mas seu pai não havia permitido que ela vivesse no paraíso, obrigando-a a se tornar uma shinobi. E, para sua tristeza, a Santa Deusa consentiu que partisse dali.

" Por quê, minha Senhora? Não sou boa o suficiente para me tornar sacerdotisa e servir á ti?"


Era isso que sempre desejou perguntar, mas pressentia que nunca seria capaz de fazê-lo. A vontade da Santa Deusa não poderia ser contestada por mortais.

Caminhou pelo imenso salão, satisfeita pelos sacerdotes terem fechado o templo aos turistas para a realização do ritual secreto. Assim, poderia ficar ali sem ser incomodada.

Parou diante da gigantes estátua em mármore branco, extasiada. Era a primeira vez que via aquele monumento considerado m ais valioso de toda Karnak.

A estátua da Santa Deusa.

Embora não emanasse a aura da verdadeira, era inegável a beleza de tal trabalho. Os detalhes de cada dobra dos trajes, a graciosa coroa moldada por seus cabelos e o rosto sereno, sábio e poderoso que parecia ter o dom de hipnotizar qualquer pessoa. A kunoichi observou a imagem por mais alguns segundos e então ajoelhou-se diante da mesma. E fez uma prece silenciosa.

Se Temari possuía alguma fé, era dirigida á Santa Deusa. Mesmo que não pudesse servi-la como sacerdotisa, continuaria acreditando em Seu poder, pois havia visto com os próprios olhos a concretização de certas coisas pela Santa Deusa.

Agora, Temari agradecia pela decisão da Senhora em fazer com que se tornasse uma shinobi. Aprendera a amar sua pátria, acreditar em seus próprios ideais, lutar pelo que achava certo, ser capaz de proteger aqueles que amava e até ser uma mulher independente. Não se arrependia de ter se tornado o que era agora.

Só havia um problema. Agora que poderia tornar a ver a Santa Deusa pessoalmente, dificilmente conseguiria encará-la. Quando educada por Ela, havia aprendido a respeitar e honrar cada criatura viva. Pois todo ser vivo é parte do mundo e todo o mundo é parte de cada ser vivo.

E Temari já retirara muitas vidas. Mesmo que fossem seus inimigos ainda sim eram seres vivos que possuíam sonhos e pertenciam ao mesmo mundo que o seu.

Sabaku no Temari era uma sacerdotisa com mãos cheias de sangue.
Livrou-se de seus devaneios ao perceber que um grupo de sacerdotes se aproximava. Benzeu-se com o movimento de respeito das sacerdotisas e se levantou.

E então viu Gaara.
A kunoichi não conseguiu conter a surpresa ao vê-lo. Já estava devidamente vestido para as cerimônias ritualísticas na qual o Kazekage tinha o dever de participar antes de entrar na Floresta Proibida. Os trajes eram exatamente iguais aos usados pelos Senhores do Deserto de Karnak, como eram conhecidos os grandes faraós que governaram Karnak em uma época muito antiga, na qual ninjas e feudalistas sequer existiam e todos os povos louvavam a Grande Mãe e os Grandes Deuses.

A calça era do mais fino linho e o peito nu fora cuidadosamente pintado com símbolos cuneiformes, fazendo com que Temari percebesse o quanto os ombros de seu irmão estavam largos. Havia também uma grande quantidade de acessórios em ouro. Braceletes, sandálias, um largo e ornamentado cinto, um colar de puro ouro e pedras preciosas que lhe cobria metade do tórax. Mas a coroa faraônica era incomparável e deixavam Gaara tão imperioso que nenhum kage ou senhor feudal seria capaz de impor tanto respeito.

" Se aquela patricinha fútil o visse agora, se jogaria á seus pés."


- Os preparativos estão prontos? - indagou a loira.

- Quase. - respondeu um velho sacerdote. - O kazekage-sama poderá aguardar aqui até terminarmos a iniciação. Eu mesmo virei buscá-lo e a senhorita, se desejar.

- Eu? Pensei que o ritual não aceitava a participação de mulheres.

- Não a participação, mas nada impede que as mulheres assistam. Além do que, pelo que soube, a senhorita já serviu pessoalmente á Santa Deusa.

Temari sorriu, assentindo. Quando o sacerdote sumiu no corredor, ela encarou o irmão.
- Está muito bonito com esses trajes.

- ...a coroa está pesando minha cabeça.

Apesar de já ter hospedado o Shukaku, matado um número incontável de inimigos e se tornado kazekage, ele ainda era um adolescente.

- Não se preocupe. A cerimônia não é assim tão longa, mas é necessária para que você possa abrir a passagem para a Floresta Proibida.

Ficaram um tempo em silêncio.
- Temari. Você já esteve na Floresta, certo?

- Sim.

- E como é a Floresta?
Temari soube que na verdade Gaara desejava perguntar como era a Santa Deusa.

- ...não sei explicar. É preciso ver.

Mais um período de silêncio. Temari sabia que, mesmo com o passar dos anos ainda era um pouco difícil conversar com Gaara.

- Depois da cerimônia. - recomeçou ela. - Haverá uma confraternização no hotel em que estamos. Além de alguns turistas haverá pessoas influentes de Karnak e seria bom que o kazekage estivesse presente.
Gaara assentiu e Temari percebeu o quanto a coroa deveria ser mesmo pesada. Tinha de admitir que certas coisas dos rituais sagrados - como aquilo - eram um pouco exagerados.

- Eu pedi que o Shikamaru convidasse os demais, então iremos encontrá-los na festa depois que sairmos daqui. Não se preocupe, essas festas são diferentes das tradicionais. É agradável, posso garantir!

Sorriu, confiante. Porém, quando seu irmão fez áquela pergunta, ela perdeu a compostura.
-O que você sente por Shikamaru Nara?

- ...que..que...que...QUÊ???
Ele a encarou com o rosto desprovido de qualquer emoção, observando o raro momento de ver Temari encabulada.

Temari, por sua vez, sabia que deveria dizer algo o mais depressa possível para negar, mas não conseguia. Afinal, o que realmente sentia por Shikamaru?

Sim, tinha consciência de que alguma coisa sentia pelo Nara. Alguma coisa muito forte que fazia seu peito latejar e seu corpo queimar. Caso contrário não teria contratado um cara para se vestir como ele e lhe retirar a virgindade.

- ...eu...eu ainda não sei...

Gaara pareceu sutilmente desapontado, o que intrigou Temari. Era improvável que ele estivesse preocupado com a suposta relação dela com o Nara, de modo que muito provavelmente, Gaara desejasse perguntar sobre...bem, sobre relações entre homem e mulher.

Oh, céus. E tudo culpa do Kankurou que havia falado certas coisas, bagunçando a cabeça do irmão caçula.

Para seu alívio, o velho sacerdote surgiu, pedindo para que ambos o seguissem pois o ritual teria início.

~*~
 
 
 

Um comentário:

Anônimo disse...

"Se a loira o visse se jogaria oas pés dele...muito bom!
Bjs e paz!
http://guerradosmundosleka.blogspot.com/

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