Formaturas Infernais

Que livros para garotas adolescentes tipicamente comuns é um grande sucesso de vendas é um fato inegável. Independentemente de serem bons ou não, eles geram lucros, principalmente quando utilizam da fórmula sempre rentável temperada com os itens básicos ( e por que não dizer, manjados) da literatura contemporânea para o público destinado.

Formaturas Infernais é um grande exemplo disso. Não é um romance e sim uma coletânea de contos escritos pelas mais populares escritoras norte-americanas para adolescentes. Ou seja, o livro é uma excelente jogada de marketing para obter lucros. Afinal, as autoras escaladas para comporem a coletânea são: Meg Cabott (Diário da Princesa e série A Mediadora), Kim Harrison, Michelle Jaffe, Lauren Myracle e Stephenie Meyer (Crepúsculo).

A sinopse desse livro classifica os contos nele contidos como Histórias de Terror, mas tendo conhecimento das autoras escaladas, sabemos perfeitamente que de terror essa coletânea não tem nada. Formaturas Infernais nada mais são do que histórias de romance e existencialismo adolescente básico com uma leve pitada de enredo sobrenatural. Não é assustador, é apenas divertido e passável.

O tema de formaturas de "colégio norte-americano padrão" no qual as histórias devem ter seus enredos focados, precisam possuir temas de criaturas de outro mundo, espíritos ou algo do tipo. E as autoras escolhidas devem desenvolver histórias focando nisso. Parece aqueles desafios de sites com fanfics, onde é eleito um tema e tem-se que desenvolver uma história dentro do contexto.

Farei agora uma pequena análise/comentário sobre cada conto, deixando claro que essa é minha opinião pessoal.

MEG CABOTT - A Filha da Exterminadora

Meg sempre teve a tendência de colocar títulos meio chamativos em suas obras para transmitir a idéia de algo complexo e sombrio (vide série A Mediadora) e desenvolveu esse conto como o prelúdio óbvio de uma nova série que ela pensava em lançar. Se a trama fosse bem aceita, ela continua - os inúmeros "ganchos" do conto são a prova factual.
Meg Caboot é uma autora de clichês. Todas as suas obras são semelhantes em estilo narrativo e definição de personagens. Os enredos seguem quase sempre a mesma linha, narrados em 1ª pessoa. Isso é uma faca de dois gumes - por um lado cria um ritmo de história de fácil identificação; por outro há a repetição e semelhança entre as obras.
Embora esse conto seja padrão e clichê adolescente com a inserção do tema vampiro (tomando grandes liberdades) Meg Cabott escreve muito bem e seu ritmo de narrativa é agradável.

LAUREN MYRACLE - O Buquê

Defino esse como o melhor conto da coletânea, o único que realmente se salva. Não que Lauren seja uma excelente autora de terror ou suspense. Ela escreve bem dentro dos padrões de faixa etária no qual seus trabalhos se destinam. Porém, esse conto de sua autoria é bom porque foi baseado em um conto antigo chamado A Pata do Macaco, escrito por W.W Jacobs em 1902.
O que Lauren fez foi reescrever a obra através de novos fatos, personagens, tempo e ritmo de narrativa. Mudou elementos, inseriu uma dose de humor bem feita e o resultado foi uma boa história, livre da mesmice que perdura nos demais contos. Diante das outras autoras presentes, Lauren se destaca por ter escrito algo que realmente lembra um conto de terror.

KIM HARRISON -  Maddison Avery e a Morte

Mais uma história adolescente de teor sobrenatural com a tentativa de se tornar uma série de livros. Usando uma fórmula de belos anjos e demônios que tem ganhado destaque para o público em questão, Kim Harrison faz uso do ritmo narrativo clichê e que, por mais que tente, não consegue ser realmente assustador.
 O lado positivo é que trata sobre a morte da protagonista, mas peca um pouco em mencionar personagens mitológicos de uma forma que era para ser interessante. ERA, porque isso não consegue  e mesmo que em certos momentos pareça legal, há algo que deixa-nos inclinados a não gostar. Talvez porque a história precisa se focar no gênero etário que impede ousadia e / ou polêmica.

MICHELLE JAFFE - Salada Mista

Esta é a história mais tediosa da coletânea e tendo como base as demais....a caracaterização de uma personagem estilo "Madonna Like a Virgin" é legal e supera a chatice da protagonista. Contendo todos os elementos de histórias para adolescentes, talvez a trama pudesse ser tolerante se ao longo do livro já não estivéssemos lido três histórias parecidas Protagonistas pseudo independentes, gamada em garoto bonito, repleta de pensamentos dramáticos da adolescência, envolvida em uma situação sobrenatural, etc, etc....isso se torna exaustivo após um tempo, mesmo que a trama seja interessante (o que não é o caso aqui).
Parece que a autora está loucamente procurando desenvolver uma longa saga, talvez sem saber como manter as cosias consistentes.


STEPHENIE MEYER - Inferno na Terra

Ás vezes me pergunto como tais enredos podem se tornar best-sellers. Dificilmente algo me fará apreciar o trabalho de Meyer. Não pretendo ler a saga Crepúsculo  (meu senso de bom gosto vampírico me impede) e minha experiência em ler uma obra dessa autora me faz concluir que não estou perdendo nada. O título do conto já é deveras clichê e a história não foge disso. Pelo menos foi a única a escrever em 3ª pessoa.
Meyer deixa ganchos para uma futura saga e, como se já não bastasse estragar vampiros e lobisomens, ela pretende estragar anjos e demônios. Algumas explicações e referências ali são literalmente "forçar a barra" e o ritmo de narrativa é normal, sem indícios de algum elemento que justifique a escrita que tantos fãs dizem haver.

O que desejo esclarescer aqui é que a coletânea Formaturas Infernais, aá despeito da premissa, não tem nada de terror, sendo simplesmente um amontoado de contos de atmosfera narrativa semelhante não porque trabalham com o mesmo tema e sim porque é isso que o público destinado quer.

" Cinco autoras extraordinárias e suas obras paranormais" , diz o slogan. Elas não são extraordinárias, exceto por chegarem á lista pop de vendas porque o público-alvo aprecia tal coisa. E as obras paranormais são só no termo - o que vemos em todos os contos é simplesmente a tentativa de enredo com criaturas fantásticas para mascarar o romance água-com-açucar adolescente.

Enfim, se você quer ler contos de terror, largue Formaturas Infernais e vá ler obras de verdadeiros mestres do gênero, como Sthepen King e Edgar Allan Poe.

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