19 de jun. de 2010

FanFics - Divinos Pecados - capítulo 14


Descoberta

 
~*~

 Kakashi sorveu um gole de vodca e esperou alguns segundos para que a bebida fizesse o efeito. Aquilo era muito mais forte do que qualquer saquê.

  Era a segunda vez que saboreava vodca na vida e não se recordava da queimação que provocava na garganta. A primeira vez foi quando brigara com Rin. Naquela vez estava odiando tanto a si mesmo que misturou vodca com saquê a noite inteira em um bar ralé nas fronteiras de Konoha.

  Havia se embriagado tanto que espancara dois homens e acabou dormindo no estábulo dos fundos. Prometeu a si mesmo que jamais tornaria a colocar aqueles dois venenos líquidos na boca.

 " E olha só o que estou fazendo agora."

  Sentado no elegante balcão do bar com um copo e uma garrafa. E isso só por causa de Sakura.

 " Não posso me deixar levar, estou chefiando uma missão importante. Pare com essas besteiras, homem!"

  Absorto em seus pensamentos não percebeu a atenção que atraia dos outros devido á suas belas feições. Só se deu conta quando uma elegante cortesã sentou-se no banco ao seu lado.

  Deveria ter mais ou menos a sua idade, um rosto belo e um pouco maquiado demais. Os cabelos lisos de coloração acobreada chegavam até a cintura e o vestido vermelho-carmim era tão justo e curto que suas curvas se tornavam salientes. Uma prostituta de alta classe, como definiam em Karnak. Era o tipo de mulher que agia sem aliciamento de cafetões.

  Seria uma boa diversão se ele não estivesse apaixonado.

- Será que posso te fazer companhia?

- Acho que o meu humor não torna minha companhia muito agradável no momento.

- ...a bebida pode fazer esquecer o problemas mas não o elimina.

- Só que há momentos em que nem mesmo a bebida pode nos fazer esquecer dos problemas.

- Só que há momentos que nem a bebida nos faz esquecer dos problemas.

  Ficaram em silêncio por um tempo, ouvindo o burburinho e o tilintar de louças no restaurante.

-Desculpe. - Kakashi falou, olhando para o copo. - Eu estou enfeitiçado e não consigo desejar nada além do amor daquela pessoa.

  Aquela era a forma mais educada que o copy ninja encontrou para dispensar a prostituta mas foi com surpresa que ele a viu rir.

- Me perdoe por rir. - disse ela, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. - É que á seis anos atrás eu ouvi essas mesmas palavras do homem que me dispensou...justamente no meu primeiro dia de emprego.

 Kakashi nada disse, se limitando a dar um curto sorriso.

- Por acaso essa maneira de dispensar as cortesãs é um modo típico dos ninjas de Konoha?

  Kakashi a encarou com certa surpresa. Ela indicou o hitaiate com um gesto, sussurrando discretamente:

- Karnak é o melhor lugar do mundo para os ninjas de aldeias opostas trocarem informações justamente por não haver uma vila ninja aqui. E eu posso ter uma renda extra vendendo informações.

- Oh. Você é uma mulher esperta.

- Talvez. Preciso garantir minha vida, não serei bela e jovem para sempre. O caso é que o outro com quem falei possuía uma bandana com esse símbolo. A diferença era que o símbolo tinha um risco no meio.

 Pela primeira vez desde que a prostituta se aproximara, Kakashi a encarou com real interesse.
 O hitaiate com o símbolo da vila cortado ao meio era am arca universal dos shinobis traidores de sua pátria. E aquela mulher sabia disso, pois caso contrário não teria mencionado.

 Aquilo não tinha nada á ver com a missão que o levara em Karnak. Mas Kakashi Hatake era um ninja afinal de contas e a possibilidade obter alguma informação que pudesse ser útil a Konoha era algo que ele deveria fazer.

- Está bem. - respondeu, afastando o copo de si. - Como era esse shinobi com quem conversou?

- ...quanto me pagará pela informação?

- Quanto essa informação de seis anos atrás sobre esse shinobi pode valer?

- Isso depende de quão importante é a informação para Konoha. Mas creio que um shinobi do lendário clã Uchiha seja importante, certo?

 Kakashi arregalou os olhos. Aquela mulher conhecia muitas coisas que ninguém devia fazer idéia. E ao ouvir o nome Uchiha, ele tirou uma quantia considerável da carteira e depositou sob o balcão. A mulher pegou as notas e as escondeu no bolso do vestido.

- O primeiro nome desse shinobi eu não sei. - começou ela. - Mas tenho conhecimento suficiente pra saber que olhos vermelhos de pupilas negras usando uma capa com nuvens estampadas é algo muito importante para os shinobis do mundo todo. Entretanto quero dizer que a conversa que tive com ele foi extremamente curta.

- Como ele era?

- Alto e jovem. Cabelos pretos compridos e um rosto que, apesar de absurdamente belo não possuía qualquer emoção.

  Kakashi tinha quase certeza deque ela se referia á Sasuke, com sua capacidade de fazer toda mulher achá-lo bonito ,mas lembrou-se que ele não usava hitaiate. Porém, sendo uma informação de seis anos atrás, Sasuke ainda estaria no comando de Oorochimaru de modo que não usaria a capa da Akatsuki.

- O que você conversou com ele?

- Não muita coisa. Certamente estava hospedado nesse hotel, mas não tenho certeza. Quando o vi no balcão, não pensei duas vezes em me aproximar.

 "A beleza Uchiha que conquista qualquer mulher."

- Mas quando ofereci meus serviços, recebi a mesma resposta que você me deu.

 "Desculpe. Mas estou enfeitiçado e não consigo desejar nada além do amor dessa pessoa."

 Definitivamente não era Sasuke. Ele jamais diria algo como aquilo, que apenas pessoas que realmente amam alguém poderiam dizer. Havia uma dúvida agora...entre dois sobreviventes dos Uchihas na época. Ou a hipótese de existir algum Uchiha desgarrado.

- Foi só isso que ele disse?

- Não. Quando eu me levantei para ir embora, ele perguntou qual era a razão de eu estar usando um tetagramatron.

-... Um tetra-o-quê?

 A mulher se endireitou no banco, permitindo que Kakashi visse o pingente em forma de uma estrela de cinco pontas dentro de um círculo rodeado de símbolos.

- ...e o que você respondeu?

- A verdade. Minha fé pertence á antiga crença de Karnak e eu acredito no poder da Santa Deusa. E ele me disse algo que jamais esquecerei.

  Kakashi percebeu que o rosto dela parecia intrigado.

- A Santa Deusa é tão divina que se torna humana. E isso me faz amá-la incondicionalmente.

  O copy ninja estava ficando cada vez mais intrigado.

- Depois, ele se levantou, foi embora e não o vi nunca mais. Isso é tudo, espero que tenha sido útil.

- Foi sim. Entretanto, teria alguma característica física dele que fosse mais acentuada? Se conhece os Uchiha sabe que alguns são muito semelhantes entre si.

  Ela pensou um pouco antes de dizer.

- Ele...tinha um semblante de alguém que, provavelmente, vivia sofrendo.

 Uchiha Itachi.

- Agora já sei quem é.

 Ficaram em silêncio e, quando Kakashi percebeu que a mulher não tirava os olhos de si, a fitou, intrigado.

- Só estou tentando decidir se é você ou ele o homem mais belo que já vi.

  Kakashi não pôde deixar de sorrir pelo comentário e com um aceno da cabeça, a prostituta começou a se afastar, mas parou, parecendo em dúvida se deveria ou não perguntar algo.

- Desculpe, mas...eu...a imagem desse Uchiha não sai de minha mente e se não fosse inoportuno gostaria de saber se ele está bem. Só isso.

 O ninja de cabelos prateados sabia que ela estava senso sincera e, por alguma razão, decidiu o ser também.

- Infelizmente ele está morto há muito tempo.

 O rosto dela empalideceu mas ela apenas murmurou antes de sair:

- Então ele não precisará sofrer mais.

  Ela agradeceu com um gesto da cabeça e saiu do restaurante e, segundos depois Kakashi avistou Shikamaru adentrar no local metido em trajes de festa.

- Oe, Kakashi. Tenho um recado importante para você.

- Que houve?

 Mas Shikamaru não respondeu, embora o encarasse surpreso. Kakashi então percebeu e rapidamente tratou de puxar a máscara para cobrir metade de seu rosto. Como pôde ter esquecido de que havia retirado a máscara para beber?

  Shikamaru apenas arqueou as sobrancelhas em sinal de desagrado. Não conseguia compreender a razão de Kakashi ter tanto complexo com seu rosto para usar a máscara e ficar apatetado quando alguém o via sem ela.

- Ei, Shikamaru. Onde vai tão aprumado assim?

- Hoje tem a festa no hotel, esqueceu? A Ino vai se apresentar e eu combinei de buscar a Temari daqui cinco minutos.

- Vocês estão ficando? Finalmente!

 Shikamaru achou melhor não responder ao comentário. Em vez disso, tirou um papel do bolso e o estendeu para o copy ninja.

- A Ino encontrou isso. Acho que é o seu dever ir buscá-la. Vocês devem estar precisando conversar.

 Kakashi leu o bilhete e, por alguma razão, sabia que não era nada bom.

- Vou buscá-la. - disse, sério. - Mas fique atento.

- Certo.

~*~

" O que eu devo vestir?

 Elahavia jogado as poucas roupas que trouxera sobre a cama e não conseguia encontrar nenhuma que realmente servisse para uma festa daquelas.

 " Kuso! Vim para Karnak em missão de escolta e visitar a Floresta Proibida, nada mais. Não posso usar os trajes grosseiros de shinobi mas também não posso usar os trajes de sacerdotisa numa festa! Se soubesse que aquele problemático ia me convidar, teria comprado alguma coisa na cidade..."

 Lembrou-se do último beijo trocado e apertou os olhos com força, procurando afastar tais lembranças. Não era possível que estivesse agindo feito uma garota comum, tola e romântica.

  A pergunta que Gaara lhe fizera a perturbava pois sabia muito bem qual era a resposta. O único problema era não querer admitir. Para Sabaku no Temari, admitir que estava apaixonada era pior do que admitir que torturara um inocente.

 Notou então a sacola de presentes que Ino lhe dera. Talvez devesse tentar ser um pouco mais sociável com a garota que, afinal, se dera ao trabalho de lhe comprar alguma coisa.
 Havia uma espécie de corset vermelho, umpar de brincos e ume stojo básico de maquiagem. Havia também um bilhete onde estava escrito em bela caligrafia:

 "Espero que estes presentes te incentivem a se tornar mais feminina pra agradar o Shika."

  Tomada pela fúria, Temari picotou o bilhete. Como aquela menina ousava?!

  Entretanto, ao olhar novamente para as roupas espalhadas e o corset que havia ganho, a kunoichi percebeu que poderia muito bem combinar determinadas peças para criar um visual diferente. Olhou no relógio sob o aparador e viu que precisava se apressar.

  Eram exatamente sete horas quando Shikamaru chegou á porta daquele quarto. Respirou profundamente e tratou de esperar dois minutos antes de bater na porta. Afinal,não queria aparentar muita ansiedade.

 "Mendukouse! Só me meto em situações complicadas!"

  Olhou uma última vez no espelho do corredor coma certeza deque engraxara bem os sapatos e dobrou o paletó numa das mãos. Então bateu na porta três vezes com as costas da mão e não demorou para que esta abrisse. E, por um momento ele pensou que batera na porta errada.

 Nunca vira Temari daquela forma. Bonita era pouco, pois ela estava absurdamente linda. A calça preta era tão justa que deixava saliente as pernas bem torneadas e elegantes com aquela sandália de salto. E o corset vermelho além de deixar os ombros desnudos e delinear a cintura fina, valorizavam os seios. E que seios!

- ...o que você está olhando?

 Pela primeira vez Shikamaru corou e tratou de encontrar uma desculpa eficiente.

- Belo pingente.

- Oh. - ela tocou a peça que pendia de uma delicada corrente. - É a Trindade. Símbolo sagrado muito utilizado na Floresta Proibida. Simboliza o passado, o presente e o futuro.

- ...acho que preciso aprender muita coisa para começar a entender os mistérios dessa Floresta.

- Posso te ensinar se realmente quiser aprender.

 Verdes sobre castanhos. Shikamaru notou que ela, tendo deixado os cabelos soltos, seu rosto se valorizava e, além disso era a primeira vez que a via maquiada. Sombra escura com efeito esfumaçado e um belo tom de vinho nos lábios, tornando-os irresistíveis.

- Bom, quem sabe...? - estendeu uma das mãos. - Vamos?

 Era a primeira vez que Temari andava de mãos dadas com alguém. E era a primeira vez que alguém a convidava para um encontro. Embora sempre houvesse considerado esse tipo de coisa simplória e monótona, agora apreciava. Por mais simplório e monótono que fosse, ainda assim era agradável.

 " O que você realmente sente por Shikamaru Nara?"

 " Eu...gosto dele. Se tenho coragem para entrar em um combate então tenho de ter coragem para fazer isso!"

  Parou de andar e Shikamaru arqueou a sobrancelha, notando que ela ficara séria.

- Aconteceu alguma coisa?

- E...eu... "não dá." Eu nunca tinha visto você tão arrumado assim.

- Heh, eu sei me portar corretamente em qualquer ocasião. - sorriu, provocando. - E pelo visto, você também.

 Em silêncio eles se encararam, ainda segurando as mãos. Por fim, Temari sorriu. Haveria tempo, não precisava se preocupar.

- Vamos. - disse, fazendo seus braços roçarem e permitindo que ela sentisse o perfume selvagem que ele usava. - Ou iremos chegar atrasados na apresentação.

~*~

- Ino, eu não sei o que seria da apresentação se não fosse por você! Obrigada por aceitar!

- Tudo bem, professora! É um prazer poder participar de uma apresentação dessas, principalmente como dançarina principal.

  Ino Yamanaka colocou o véu sob a parte inferior do rosto e olhou-se no espelho. Mais odalisca, impossível.

- Ino, as meninas já estão á par das mudanças que tivemos de fazer, você não encontrará dificuldade. Sei que você deve estar um pouco ansiosa por ter quefazer uma apresentação festiva para o kazekage e as pessoas influentes de Karnak mas não se preocupe que tudo sairá bem! E...

- Não se preocupe, professora! -a loira já estava cansada daquele falatório. - Eu conheço o kazekage e ele vai gostar da dança independente de termos dançado bem ou não.

 Todas as dançarinas voltaram-se para Ino, espantadas.

- Você conhece o kazekage-sama?

- Sim. De certa forma, estamos em uma mesma equipe aqui em Karnak. E o meu amigo Shikamaru namora com a irmã do Gaara.

- "Gaara?" Então você é íntima do kazekage!

- N-Não! - ela corou. - Bem, um pouco, não muito. Acabamos conversando só esses dias mas ele fala super pouco.

- Meninas, já chega. - cortou a professora. A apresentação já vai começar. Se preparem e façam o melhor!

  Todos assentiram e Ino respirou profundamente, voltando a encarar o próprio reflexo.

 " Sim, Ino. É agora. Você vai arriscar ou não? Claro que vai. Apesar de ter a certeza de que isso não gere qualquer futuro, você quer saber a reação dele, saber como é ele tocar em você. Você tem consciência deque se Gaara quiser, não poderá resistir os fugir como fez com os outros. Terá de aceitar.
 Provavelmente isso acabará em nada mas...ele será o primeiro. Talvez seja melhor com alguém que mal conhece do que com um conhecido de Konoha. Pelo menos com o kazekage não ficará mal falada, pois ninguém vai saber.

 Se bem que...eu serei usada do mesmo jeito."

~*~

 Sabaku no Gaara sentou-se no lugar em que era destinado ao kazekage e se surpreendeu com o requinte do salão. Era certo que determinadas festas de Suna se assemelhavam ás festas de Karnak mas nunca chegariam aos pés da mesma.

  O povo de Karnak abusava das cores e pratos variados, e tudo era minuciosamente arrumado com um cuidado quase metódico. A poltrona do kazekage situava-se em um ponto privilegiado que lhe permitia ver o centro do tatame de apresentações. Uns cinco degraus separavam o assento do kazekage dos demais, o tornando o ponto mais alto para sentar, tendo ao seu lado bandejas com diversos tipos de comida e bebida servidos por empregados. 

 Gaara notou que era a única pessoa sentada em uma poltrona pois todos os outros convidados sentavam-se em almofadas dispostas ao redor de mesas baixas espalhados em torno do tatame. O tatame, ele notou, possuía uma estrutura diferente da comum. Parecia começar do lado esquerdo do salão onde havia uma passagem que conduzia á algum aposento coberto por cortinas. E dali seguia em linha horizontal até o centro, onde então se abria em um largo quadrado. E no meio deste um outro caminho horizontal conduzia diretamente ao assento do kazekage.

 Gaara sabia que todos os presentes o encaravam e comentavam. Agora sabiam quem era o kazekage de Suna mesmo não precisando usar os trajes típicos. Procurou algum rosto familiar e logo avistou Temari sentada com Shikamaru ao redor de uma das mesas. Mas onde estaria Ino e os outros?
 Entretanto, foi obrigado a afastar tais dúvidas quando o conde de Karnak eoutros homens influentes da região e que haviam estado presentes no ritual do templo pela manhã o cumprimentaram.

- Creio que esta é a primeira vez que o senhor vem á uma festa tradicional de Karnak, não é?

- Sim, conde.

- Procurei organizar algo agradável exclusivamente para o senhor. Na primeira apresentação haverá belas moças e o senhor poderá escolher qual ou quantas quiser para satisfazê-lo.

 Gaara continuou impassível á medida que o homem falava, ocasionalmente respondendo as questões em forma monóloga.

 " É realmente difícil alguém fazer Gaara se socializar."

 Temari sorveu um gole de seu drinque e observou o irmão. Conhecia o conde de Karnak depois do ritual no templo e logo soube que era o tipo de pessoa que quando começava a falar não parava tão cedo. Pobre Gaara!

 Mas esta noite não se preocuparia com ele. Afinal, o kazekage sabia portar-se como o esperado e seu irmão interpretava muito bem dentro de seus parcos padrões de sociabilidade, é claro.

- Eu nunca antes fui em uma festa dessas. É bem diferente de qualquer coisa que tenha em Konoha.

- Karnak é única em tudo. É isso que não torna as coisas monótonas.

 Sim, esta noite Temari deveria aproveitar a noite para si. Afinal, aquele problemático ao seu lado estava ali porque a queria como companhia e não aliada ninja.

- Como se segura essas coisas?

- ...são talheres ocidentais. - a loira emburrou. - Deve segurar direito, está segurando como um macaco!

- Macaco? E como eu devo segurar essa porcaria?

- Não é uma porcaria, é um garfo. - pegou os talheres. - Veja, você deve segurar desse jeito. Não, é assim!

 Temari decidiu ela mesma colocar os talheres na mão do jounin e, quando ele finalmente segurou corretamente, percebeu que seus rostos estavam tão próximos que quase poderiam...

 Sentiu os lábios dele entre os seus e recuou surpresa com a ousadia. Encarou os olhos castanhos que pareciam repletos de malícia embora as feições estivessem daquele jeito desencanado que a irritava. Ela franziu as sobrancelhas e abriu a boca para falar algo, mas Shikamaru foi mais rápido.

- Vamos acabar com esse jogo de uma vez, Temari.

 Shikamaru sabia que com ela não precisava de galanteios para dizer o que queria. Bastava fazer com que Temari o encarre nos olhos sem saber o que dizer. E conseguira isso agora.

- Você gosta de mim ou não?

 Osolhos verdes da kunoichi se arregalaram. Nunca imaginara que Shikamaru pudesse fazer esse tipo de pergunta subitamente em uma situação como aquela. Porém, exatamente por imaginar que ele nunca faria isso que ele o fazia. Pegando-a completamente desprevenida em um momento que não teria como fugir ou inventar alguma resposta.

 Seu coração palpitou e uma parte de si enfurecia. Ele ainda segurava sua mão e as conversas aleatórias dos demais convidados curiosamente pareciam estar distantes.

- Sabe. -ele continuou como se percebesse que deveria lhe dar um estímulo extra. - Os anos passam e continuamos na mesma. Não dá pra continuar assim.

 Nem mesmo Shikamaru sabia de onde havia tirado coragem para dizer aquelas coisas e enfrentar um tipo de situação que semnpre lhe foi extremamente problemática. Porém, já dizia seu pai que havia momentos em que era preciso encarar as situações problemáticas de frente para que elas não se mantessem ainda mais complicadas.

- Sequer saber, eu tô á fim de você. Na real, sempre estive desde que nos enfrentamos no exame Chunnin. - sorriu de forma sarcástica. - Confesso que eu só quis vencer e desistir daquele jeito para ver a cara que você faria. Mas sabe, não que eu quisesse gostar de você, eu sempre achei esse negócio de gostar muito problemático, cheio de empecilhos só que...acabou acontecendo. E eu só não desisti porque ao meu ver, você sempre deixou a impressão de que sentia alguma coisa também. Estou errado?

 Temari se manteve em silêncio. A verdade é que não sabia se ficava mais surpresa com as coisas que ouvia ou como fato de Shikamaru Nara dizer aquilo como se fosse uma coisa normal. E ela deveria ter coragem para bater com ele de frente.

- É só isso? - resmungou. - Você só está "á fim" de mim?

- Depende. 

- Como "depende?"

- Se você só estiver á fim de mim, então só estarei á fim de você. Mas se você gostar de mim, então eu estarei gostando de você. E... - nesse momento pareceu que o rosto dele ficara corado. - Se dizer que está apaixonada por mim, então eu estarei apaixonado por você.

 Temari tentou manter-se séria, mas não conseguiu. Sorriu diante daquela resposta e sentiu que seu rosto esquentava. Balançou discretamente a cabeça e tratou de retomar o controle.

- ...minha resposta pode criar problemas para a missão.

- Eu acho o contrário.

 Ficaram em silêncio algum tempo e, como Temari mantinha os olhos fixos na mesa, Shikamaru segurou-lhe pelo queixo, a obrigando encará-lo. E então as luzes do salão se apagaram.

 A iluminação concentrou-se em apenas um ponto do palco e, em cada mesa, as luminárias se acenderam, criando uma atmosfera mística e sensual.

- As apresentações irão começar. - falou Temari com alívio se recompondo. - Viemos aqui para assistir.
- Tudo bem. - o jounin emburrou mas sussurrou no ouvido da moça. - Mas quando isso terminar, terá que me dar uma resposta.


~*~

Templo da Sagrada Deusa

 Sakura observou a fachada principal do gigantesco monumento em muda contemplação. O instinto milenar guiar seus passos até ali e, mesmo sentindo que sua consciência estava minguando, não pôde deixar de se surpreender com a misteriosa energia que a construção emanava.

 " Preciso entrar".

 Graças á suas habilidades ninjas, Sakura não encontrou dificuldades para burlar a vigilância e adentrar no templo. E, no momento que aspirou o ar do interior daquele lugar, foi como se estivesse sendo transportada para uma época muito distante.

 " Sim...quase posso sentir os cânticos cantados em meu louvor."

O templo era tão magnífico que mais parecia um palácio dos deuses. As largas pilastras ostentavam o teto dezenas de metros do chão e este, assim como as paredes, eram revestidos com algo que se assemelhava a mármore. E haviam desenhos, uma quantidade ofuscante de símbolos e descrições que a jovem não compreendia.

 Uma simbologia misteriosa a faziam sentir-se minúscula em tudo. E apenumbra daquele lugar inteiramente deserto lhe causava a sensação de flutuar no vácuo do passado, no qual sua existência era nada quando comparada ao legado deixado por aquela criatura dentro de sua alma.
 Os olhos de Sakura anuviaram-se e, enquanto caminhava pelos corredores infindáveis, sentia ser puxada ao passado e á verdadeira história.

 Havia uma energia enigmática ali e os ecos do passado soavam em seu ouvido. A resposta de tudo residia nos símbolos daquelas paredes, como se sussurrassem que seus mais importantes segredos permaneceriam desconhecidos para sempre.

 Seus lábios então se abriram e uma estranha canção passou a entoar, com uma voz que certamente não era sua. Uma canção feita em uma língua que ninguém conhecia pois á muito havia sido esquecida.

 Conforto. Amor. Desejo. Mistério. Sabedoria. Medo. Felicidade. Sofrimento. Paz. Resposta.

 Cessou o canto quando chegou á uma ala tão gigantesca e surpreendente quanto a primeira. A única diferença era que o teto era de vidro, permitindo que Sakura contemplasse o céu.

- Meu Deus. Está cheio de estrelas.

 Seus olhos então foram atraídos para o chão e, iluminada pela noite, Sakura percebeu estar no centro de um círculo sagrado rodeado de símbolos. Lentamente sentou-se nele e percorreu o traçado de alguns símbolos com a ponta dos dedos.

 "Deseja conhecer a verdadeira história que originou tudo isso?"

- Sim.

 " Então feche os olhos e eu lhe contarei agora."

 Ela obedeceu e a voz dentro de si começou.

 "Muitas histórias são contadas mas a minha é a única real. Pois a Santa Deusa não era única. No princípio eram duas."

~*~

 Mal as luzes do salão haviam se apagado, uma  melodia exótica e sensual preencheu o recinto. O som de underbaques, flautas e o entoar de um canto monossilábico da banda posicionada em um canto estratégico fez todos se calarem. E, quando os violinos começaram a ressoar, elas entraram.

 Sete ninfas do fogo sagrado. Sete sensuais odaliscas em seus belíssimos trajes de seda. Três em vermelho, três em dourado e uma em negro. Nas seis a pele lindamente bronzeada banhada em essência de dama-da-noite. E a única de pele branca parecia a personificação da luxúria virgem.

 Incrivelmente ensaiadas, elas executavam passos ao ritmo da música e a loira de preto caminhava sensualmente por entre as demais, balançando o véu em uma dramatização de ousadia.

- ...eu não acredito que ela está fazendo isso.

 Foi o que Shikamaru e Temari falaram em uníssono com os olhos fixos no palco. Era mesmo Ino ali, em trajes ousados, os cabelos soltos e uma maquiagem nos olhos que realçavam a coloração azul dos mesmos.

 " Então era esse tipo de dança que você fazia? Ninguém ia imaginar..."

 Shikamaru percebeu então que a amiga caminhava em direção ao kazekage. Subiu os degraus e parou á menos de dois metros de distância dele.

-Ela não OUSARIA fazer uma coisa dessas! - falou Temari entredentes.

 Mas Ino fez. Quando o ritmo da música começou a tornar-se mais rápido e intenso, ela começou.

 Começou a dançar exclusivamente para o kazekage.

 O corpo curvilíneo de Ino Yamanaka movia-se com graça e suavidade. O movimento dos braços e a habilidade de balançar o ventre o quadril era a certeza da mais sensual de todas as danças. Os olhos dela fixaram-se aos de Gaara e Ino notou, com contentamento, que ele acompanhava com os olhos todos os movimentos do seu corpo. Principalmente do seu ventre e para a região entre as coxas. Sorriu quando teve a certeza de que o havia hipnotizado.

" Eu escolhi o kazekage para ser o meu homem."

 Gaara não conseguia se mover, tampouco afastar os olhos daquela mulher. Nunca havia sentido aquilo antes. Seu corpo parecia queimar e o único desejo era tocar naquele corpo, percorrê-lo com a língua, tê-la só para si. Seu corpo e sua mente estavam excitados por aquela garota. Antes só sentira prazer em matar, mas agora sentia prazer só de ver aquela mulher e imaginar tendo-a nos braços. Queria que Ino sentasse em seu colo e dominá-la totalmente.

 Ino sorriu de forma enigmática uma última vez uma última vez e voltou ao centro do tatame, onde continuou a dançar com as outras mulheres. Charmosa e habilidosa sua dança sobrepujava á das demais.

 Shikamaru não conseguia acreditar no que via. Aquela mulher nem parecia a Ino que conhecia eo kazekage estava hipnotizado, incapaz de observá-la comos olhos, como se a estivesse devorando. Bom, se Ino dançasse dessa forma para Chouji ele teria uma hemorragia nasal fatal, mas sendo Gaara era como se ele estivesse elaborando idéias sádicas.

 "Ino, você vai acabar se metendo em encrenca."

 Ino sabia que era o centro das atenções e isso lhe agradava. Afinal, conseguira provocar alguma sensação em Gaara, aquele que todos diziam ser uma muralha.

 Quando a apresentação terminou, a salva de palmas ecoaram pelo salão. Juntas, as odaliscas se curvaram respeitosamente. Ino viu Shikamaru aplaudindo com um semblante de "você é louca mesmo!" e Temari, embora aplaudisse, provavelmente estava furiosa com sua atitude. Afinal, a loira havia se insinuado descaradamente para seu irmão.

" Ela vai me bater com o leque."

 Porém, quando fez mesura em direção ao kazekage, esqueceu tal preocupação. O rosto de Gaara não era a estátua passiva: era puro desejo. Um estremecimento percorreu o corpo da garota. Gaara parecia sensualmente assustador.

 Mal as odaliscas haviam se retirado, a conversa entre a platéia retornou, animada. Assim que o conde de Karnak se aproximou para dizer algo, Gaara o deteve.

- Diga á Ino Yamanaka que desejo conversar com ela em meus aposentos. Agora.

~*~

 Kakashi parou, exausto. Caminhar por Karnak á noite era uma loucura. A barulheira era quase tão intensa quanto de dia e isso acontecia pelos restaurantes e clubes noturnos estarem abertos para agradar os turistas. Mesmo usando o máximo de kage bushins que podia, não conseguia encontrar qualquer pista de Sakura.

Onde ela estaria?

 " Está tudo bem. Tive deira o Templo buscar certas respostas de que necessito. Mas voltarei antes de partimos, tenho certeza disso."

 O bilhete em sua mão já estava ficando amassado. "Tudo bem" coisa nenhuma. Sakura não estava bem por culpa dele. Pelo que os dois haviam tentado fazer.

 "Seu idiota, deveria ter controlado seu desejo e sua atitude! Sakura é uma bomba prestes á explodir, eu deveria escoltá-la em segurança até a Floresta Proibida mas acabei deixando meus sentimentos me dominarem."

 Faça com que Sakura o ame.

 " Mesmo que eu tivesse razão, eu magoei Sakura. Ela já está muito fragilizada e cada baque faz com que a criatura dentro dela ganhe mais força."

- Não permita que Sakura adentre nos templos sagrados.

 "Se realmente a energia nesses lugares forem capazes de fazer Sakura perder o controle, então teremos problemas. Kuso! Eu deveria ter obrigado Shikamaru e Ino virem comigo pra ajudar nas buscas! Temari e Gaara falam, falam mas não ajudaram em nada até agora!"

 Kakashi repreendeu-se mentalmente. Não podia criticá-los, pois fora Ele que complicara a situação. Absorto em pensamentos, não percebeu que seus passos haviam levado á mais um dos muitos templos que havia na cidade. Mas aquele á sua frente era colossal e todas as suas preocupações desvaneceram-se quando o contemplou sobre a luz da lua.

 O maior e mais importante templo de toda Karnak.

O copy ninja não encontrou qualquer dificuldade em burlar a segurança e adentrar no templo. Mas assim que fez isso, foi surpreendido por uma sensação perturbadora.

Aquele tempo parecia emanar uma energia própria e as grossas paredes impediam que ruídos de fora adentrassem. Era a penumbra coberta pelo total silêncio. Kakashi era capaz de ouvir o som da própria respiração e isso o incomodou.

 Abaixou a máscara e o vapor que saiu de seus lábios o fez perceber que estava frio. Caminhou lentamente pelos corredores. Tudo ali jazia na sombra e a única luz vinha do céu estrelado nas partes em que havia aberturas no teto.

 Vez ou outra deparava-se com estátuas talhadas em mármore de inúmeras divindades antigas. Deuses meio homem e meio animal, anjos de esplendorosas asas e humanos em poses orgulhosas.

 " Todas as crenças na verdade são uma só."

 Devido á claridade escassa, Kakashi não era capaz de ler as tabuletas existentes para cada estátua. Mas, mesmo que fosse possível ler, Kakashi não tinha tempo para isso agora. Porém, quando chegou á um dos muitos salões, uma certa estátua localizada no canto esquerdo ao fundo atraiu sua atenção. E, mesmo na penumbra foi capaz de ver do que se tratava.

 Mas não era possível.

 A estátua talhada era de uma beleza artística notável. Com talvez três metros de altura, possuía um semblante austero e melancólico á despeito da posição imperiosa.

 Kakashi arregalou os olhos, sentindo o suor descer-lhe pela testa. Não era possível, mas conhecia aquele rosto e não havia dúvidas de quem era. Embora os trajes fossem diferentes, o contorno daquelas orbes eram um sharingan.

- O que significa isso? Por quê você está retratado aqui e dessa forma?

Uchiha Itachi.

 Era ele, sim. Mas por quê havia sido retratado da forma que só os deuses mereciam? Era uma estátua recente, podia ver.

- Céus, qual é a sua história em Karnak? O que você fez?

 Foi então que Kakashi apurou a visão e conseguiu ler o que estava escrito na pequena tabuleta aos pés da estátua.

Sagrado Mártir.

 Aquilo fez Kakashi sentir que estava prestes a desmaiar. Não era possível, era absurdo e inexplicável. Fitou o rosto da estátua.

" Você sabe porque ele foi retratado aqui."

 Aquela certeza era perturbadora demais e, por alguma razão, Kakashi saiu daquela ala com passos apressados e o coração acelerado.

- Meu Deus!

 Foi isso que Kakashi exclamou quando adentrou na principal ala do templo e se deparou com a gigantesca estátua da Santa Deusa. Então era essa a forma da entidade que tantos haviam falado e venerado?
 Lentamente se aproximou dela, observando seus detalhes. Curiosamente sentiu-se em paz, embora ainda estivesse intrigado.

 O casal Haruno e as antigas lendas diziam que a Santa Deusa detinha um grande poder e que seria a única capaz de impedir que a criatura dentro de Sakura gerasse o caos.

" Será que ela será mesmo capaz de fazer tudo que dizem?"

 Kakashi Hatake nunca teve qualquer ensinamento religioso e na verdade por que precisaria disso? Desde criança sabia que seguiria o caminho shinobi e, para um ninja de verdade qualquer ética que provesse de uma influencia religiosa era abominável e poderia influenciar nas decisões.

 Mas, por uma estranha razão, ao se ver diante da Santa Deusa, Kakashi rezou. Rezou para que o poder Dela o fizesse encontrar Sakura. E tão logo fez esse pedido silencioso, a resposta surgiu em sua mente.

 "Neste templo. Na última ala.'

 Kakashi olhou uma última vez para a imagem da Santa Deusa e saiu.

~*~



2 comentários:

Anônimo disse...

Adorei a descrição da história quando o kakashi está no templo!
Essa ino é danadinha heim!kkkk!
bjs e paz!
http://guerradosmundosleka.blogspot.com/

Tsu disse...

- Certamente a festa de confratenização deixaria o Gaara traumatizado hohohooh.

- E agora nessa luta vem chumbo grosso!

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