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29 de nov. de 2011

O Ritual


Muitos são aqueles filmes de terror que tratam de igrejas e possessões demoníacas. Porém, desde o clássico O Exorcista não se via um filme bem produzido sobre o tema exorcismo até a chegada de O Ritual.

Produzido em 2011 pela Warner Bros em parceria com a New Line cinema, o filme dirigido por Mikael Håfström e conta com o veterano Anthony Hopkins em um personagem secundário que se destaca e ofusca o protagonista. Mas isso já era de se esperar vindo de um dos melhores atores do cinema norte-americano.

De acordo com os créditos iniciais, o filme teria sido baseado em fatos reais ocorridos em Roma. Só por esse fato e pelos personagens desse acontecimento estarem vivos até hoje tornam a obra ainda mais interessante.

Na história, vamos acompanhando a trajetória de Michael Kovak (Colin O’Donoghue em uma surpreendente boa atuação) um rapaz que trabalha na agência funerária de seu pai (Rutger Hauer) e que, para escapar daquela vida que tanto o agoniava, decide entrar no seminário para tornar-se padre. Passados os quatro anos preparatórios, Michael ainda está em dúvida de sua vocação, que ele mesmo identifica como falta de fé.

Porém, após um incidente no qual ele precisou agir como um padre, seu superior, acreditando no potencial de Michael, decide enviá-lo para Roma, onde poderia estudar e se aperfeiçoar em exorcismos.


Michael, mesmo um pouco á contragosto, aceita. Assiste á algumas palestras sobre fenômenos paranormais  ligados á possessões demoníacas ministradas pelo padre Xavier. Porém, o ceticismo de Michael é irredutível e qualquer fenômeno paranormal é possível ter uma explicação lógica e científica.

Com a presença de Anthony Hopkins como padre Lucas é que o filme fica mesmo interessante. Vivendo sozinho em uma modesta casa repleta de gatos, Lucas prontamente aceita mostrar á Michael a existência do demônio. Chega em sua casa a jovem Rosália, uma adolescente grávida que padre Lucas diz estar possuída pelo demônio e que por conta disso vai até ali para passar nas sessões de exorcismo.

A única maneira efetva de se expulsar um demônio do corpo humano é fazendo com que ele revele seu nome e isso não é fácil, saendo preciso de muita força espiritual e principalmente, fé.

Padre Lucas utiliza métodos não muito ortodoxos em suas sessões de exorcismo (chega até mesmo a parar sua reza para atender ao celular) e só mesmo um ator tão bom quanto Hopkins para repetir as preces em italiano e latim com emoção quase real.


Mesmo tendo visto o demônio agindo sobre a garota, Michael não consegue se convencer da autenticidade dos fatos, encontrando explicações racionais que provam, em parte, como verdade. Porém, quando Michael começa a perturbar-se com estranhos pesadelos e acontecimentos ele pede á Lucas para encontrar-se novamente com a jovem Rosália. E é durante a sessão de exorcismo que o demônio - através da garota - se manifesta e conversa com Michael, o induzindo e provocando. Mas o ceticismo de Michael o mantém firme e isso acaba piorando as coisas.

Michael passa a ser perturbado constantemente por situações inexplicáveis e, diante do desespero ele pede auxílio á jornalista Angeline (a brasileira Aline Braga) que conhecera em suas aulas de exorcismo e que se mostrou interessada em provar a autenticidade dos fatos. Juntos, decidem ir ao encontro de padre Lucas, mas Michael logo nota que há algo de errado no padre. E é agora que Anthony Hopkins desperta seu talento e inevitavelmente nos traz á memória a perigosa sutilidade do dr. Hannibal Lecter.

A ironia e choque do filme é vermos um padre que, mesmo sendo um exorcista, carece de fé e deixa-se dominar pelo demônio. E o demônio o escolhe para encarar e convencer Michael ao seu poder, fazendo uso de todas as artimanhas verbais possíveis, tendo ápice no confronto realista entre ambos.


O Ritual pode exagerar em uma ou outra coisa e dever certas explicações, mas ainda é um ótimo filme. A boa maquiagem para caracterizar a possessão não é exagerada e a produção não faz uso de qualquer efeito especial mirabolante. E isso prova que uma boa atuação de Hopkins é o suficiente não só para atrair o público ou provar que ele ainda está na ativa (quanto á isso não restam quaisquer dúvidas) mas para tranformar um filme que poderia passar despercebido em uma produção recomendável.

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