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27 de fev. de 2015

Uma Escola Atrapalhada




As décadas de 80 e 90 são consideradas as épocas mais memoráveis no que se diz respeito á obras cinematográficas /televisivas de âmbito nacional.

Os Trapalhões foram, sem dúvida, um verdadeiro marco de toda uma geração. Embora o sucesso do grupo tenha sido estendido por Renato Aragão até épocas recentes (com resultados mais do que catastróficos em termos de qualidade e entretenimento), a marca Os Trapalhões (originalmente formada por Didi, Dedé, Mussum e Zacarias, originando um quarteto insubstituível) com seus diversos filmes lançados anualmente nas férias, eram, em sua maioria, realmente bons (okey, "bons" é um termo relativo, mas convenhamos que alguns desses filmes eram ótimos para ver na Sessão da Tarde).

Uma Escola Atrapalhada, produzido em 1990 pela Globo Filmes, foi o último longa-metragem a ter o quarteto original dos Trapalhões e é também um divisor de águas com os filmes que vieram posteriormente.Este filme, em particular, possui diversos pontos interessantes, principalmente para a época em que foi exibido. Isso tanto no enredo quanto nas questões da vida profissional de alguns atores, mas logo abordarei isso.

A história do filme é extremamente básica, típica de filmes infanto-juvenis. Apostando na temática do cotidiano adolescente, o filme agradou o público de imediato (mas não a crítica) até porque a maior parte do elenco foi composta de celebridades jovens no auge do sucesso. E a trilha sonora é composta exatamente pelos atores/atrizes (sim, eles são em sua maioria, "dois em um!, ou pelo menos tentam). O cenário é um tradicional e rígido colégio brasileiros (nos moldes que ainda existiam naquela época) durante os primeiros dias/semanas do ano letivo.

Ali, os alunos se reencontram após as férias, tendo cada qual seus próprios grupos. Didi é o jardineiro do colégio e, obviamente, um dos funcionários mais queridos pelos alunos e professores. Temos além dele, destaque para o apessoado professor de Esportes, a professora/amiga de Biologia, a secretária e a própria diretora (papel de Jandira Martini). O único funcionário temido e detestado é o inspetor Anselmo (vivido por Ewerton de Castro) que tenta manter a ordem de forma opressora ao mesmo tempo que busca formas de convencer a diretora á fechar o colégio.


Famoso por ser um colégio de elite, quando quatro jovens estudantes chegam no local (o quarteto de rapazes são ninguém menos que o grupo Polegar - um dos ícones adolescentes nacionais na época) não são bem recebidos pelos demais alunos, tornando-se alvos de isolamento e provocações.

Nesse mesmo dia, uma aluna nova, Tammy (interpretada por Angélica) chega ao colégio, atraindo a inveja das demais garotas. Por serem novatos e não pertencentes ao "padrão social" dos demais, os cinco jovens acabam seu unindo. Mas claro que isso não impede que surjam interesses amorosos em meio á conflitos.

E é nesse ponto que vamos acompanhando (ainda que de forma corrida e até um pouco confusa) as relações de alguns personagens. Um dos meninos do grupo Polegar se apaixona por uma meiga aluna e o casal passa a sofrer problemas com o ex-namorado da menina, o ciumento e agressivo Gustavo. O Polegar Rafael (lembram dele?) faz de tudo para conquistar a esportista Natália (papel de Maria Mariana).

A real protagonista do filme é Angélica que procura ostentar um certo mistério acerca de suas verdadeiras intenções no colégio. Forte e decidida, ela deixa claro que não aceita provocação e fala o que pensa. Isso a faz bater de frente com Carlão, o aluno mais popular e  barra pesada do colégio. E apesar das  brigas, é óbvio que uma paixão surge ali.

E é aí que entra um dos pontos mais interessantes do filme. O par romântico de Angélica na obra é interpretado por ninguém menos que o rockeiro Supla. Sim, você leu certo. Supla e Angélica já interpretaram um casal adolescente. E apesar de parecer um pouco "nada á ver" é preciso admitir que até ficou legal. De verdade. Angélica faz o estilo de garota bonita (bom, isso ela é) e agradável que , apesar de parecer frágil é decidida. Já o Supla encarna o valentão punk, popular e de índole dificil.


E mulheres, vamos admitir: o Supla está lindo nesse  filme. Incrível, mas é sério. No auge de sua beleza muscular ele certamente despertou o interesse de muitas adolescentes na época. E eu nem comentei aqui a cena em que ele canta uma de suas músicas em um quarto sadomasoquista (ui!). Mas acalmem-se homens: a Angélica está diva nesse filme, para o deleite de  vocês. Mesmo que a relação dos personagens de Supla e Angélica tenham falhas de roteiro como acontece com diversas outras cenas do filme, o inusitado casal com suas briguinhas até se entenderem, é boa.

Outros personagens vão ganhando destaque ao longo do filme que tem, como trama de fundo, atentados estranhos ocorrendo no colégio. Mesmo que algumas situações sejam difíceis de aceitar (é grupo Polegar, valeu a tentativa ) alguns hoje se tornaram atores de respeito: o personagem Gustavo foi o primeiro papel no cinema de, acreditem, Selton Mello.

O filme aborda, em meio á seu humor pastelão, as piadinhas bem boladas - temas como violência na escola e gravidez na adolescência.

Mas e os Trapalhões, onde entram nessa história?
Bom, é verdade que esse filme levou o nome dos Trapalhões para angariar mais destaque e patrocínio. Eles são coadjuvantes e mesmo Didi tendo mais cenas acaba sumindo pela metade do filme. Mussum aparece em duas cenas somente. Dedé e Zacarias aparecem em uma única cena como os atrapalhados agentes do esquadrão anti-bomba. Esse filme foi o último trabalho de Zacarias que veio a falecer durante as gravações. Certamente isso afetou o restante do filme, que precisou ser alterado até o resultado final.

Com músicas e atores da época, o filme pareceu fechar uma "era dourada" de filmes nacionais desse naipe. Mesmo sendo uma produção de roteiro clichê, com alguns momentos cronológicos logicamente confusos e visando o mercado, ainda sim foi um filme bom na época e o tipo de coisa que, infelizmente, não temos mais hoje em dia.


Uma Escola Atrapalhada pode ser desconhecido e simplório mara a nova geração. Porém, para aqueles que viveram e conhecem bem as produções das décadas de 80 e 90, este filme é definitivamente uma das muitas produções marcantes do cinema juvenil nacional.

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