28 de nov. de 2009

FanFics - Divinos Pecados - capítulo 04

FanFic - Divinos Pecados

Você

~*~

Seus passos eram lentos pelo fato de suas pernas estarem tão trêmulas que ela precisava apoiar uma das mãos na parede. Realmente havia acontecido?



" Céus, que beijo foi aquele? O Kakashi realmente beija bem! É muito diferente do beijo dos caras com quem eu fiquei até agora, superou até o Sasuke! Seria esse o resultado da experiência do Kakashi com as mulheres?! Então na cama ele deve ser..."


Encostou na parede, passando o dedo nos lábios. Primeiro o sonho, depois as fantasias mirabolantes e agora o beijo real. O que mais faltava acontecer? Na noite anterior ficara imaginando como seria beijar seu ex-sensei e hoje soubera.

No mínimo isso era bizarro.

" Pare, Sakura! Está assim por causa de um beijo?! Caramba, você já tem dezoito anos, se liga!"


Seus pensamentos foram interrompidos por uma súbita e violenta dor que invadiu seu cérebro. Soltou um gritinho e levou ambas mãos ás têmporas.

" Mas o que..."


Outro pequeno grito, mais alto. Era como se um som estridente e incessante rompesse por sua mente e atingisse seu cérebro feito facas afiadas. Cada vez mais forte, impedindo-a de pensar e até abrir os olhos. Caiu de joelhos, perdendo a coordenação motora.

" Deuses, o que está havendo?!"

- AAAAAH!!!!

A dor aumentava cada vez mais, com rapidez estonteante. Sakura não conseguia se mover, todo seu corpo paralisara. Lágrimas saíram de seus olhos e se desesperou quando não conseguia pensar em nada.

" Socorro! É dor demais, muita dor! Kakashi me ajuda! Alguém faça isso parar! Eu não vou aguentar!"

Tudo escureceu.
~*~

" Onde..estou..?

Sakura olhou ao redor, confusa. Estava em um lugar que mais parecia um deserto acinzentado, coberto por uma espessa névoa. Ela estremeceu, estava frio ali.

- ..alguém...?

Nada. Aquela completa solidão, como se o mundo deixasse de existir e só restasse á si mesma. Abraçou á si mesma e, dominada pela angústia, correu por entre a névoa até que ficasse exausta. Pânico.

Calma, disse para si. Talvez fosse um jutsu de ilusão. Se concentrou. Nada. Mau pressentimento.

" Como eu temia. Isso é real."


As lágrimas desceram por seu rosto e a kunoichi procurou se controlar. Talvez fosse um sonho...num ímpeto voltou a correr e só parou quando as brumas começaram a se dissipar metros á frente. E, diante de si, viu algo que a fez entrar em pânico.

Diversos corpos ensanguentados. E todos ela conhecia. Shizune, Choji, Hinata, Anko, Shikamaru, Neji...todos os ninjas que conhecia, colegas de hospital...

- Tsunade-sama!

Correu até onde o corpo da quinta hokage jazia destrinchado e aquele rosto, antes belo, estava totalmente deformado em uma expressão de horror.

Sakura afastou-se bruscamente, controlando o medo e seus pés bateram em outro corpo. Sufocou um grito ao ver o corpo de Naruto. O pescoço quebrado e o tórax completamente aberto. Poucos metros á frente, viu o corpo ensanguentado de sua amiga Ino abraçada ao cadáver de Gaara.

" O que é isso, kami-sama! Quem fez isso com vocês?!"


O corpo seguinte a fez perder o pouco das forças que lhe restavam. Cambaleou e tocou com extremo cuidado aquele rosto enquanto as lágrimas afloravam.

- Kakashi-sensei...

A quantidade de ferimentos era absurda, os olhos estáticos e o grande corte na cabeça faziam o sangue formar uma grande poça. Seus dedos trêmulos percorreram o rosto do ex-sensei e tocou os lábios frios antes de cair em um choro soluçante sobre o peito do ninja.

Um grito cortou a vastidão. Um grito agonizante de uma voz que ela conhecia. Recuperando as forças, correu na direção, mas chegou tarde.

" Não..você não..não,não,não!"

- Sasuke-kun!!!

Sasuke estava caído no chão, com o corpo totalmente destrinchado e, no lugar dos olhos haviam apenas órbitas vazias.

Sakura não conseguia se mover ou emitir qualquer som.

" Isso não pode estar acontecendo!"


A névoa á sua frente começou a se dispersar e o autor dos assassinatos tomou forma. E o que viu fez Sakura entrar em choque.

- ..não pode ser...

Á sua frente, com vestes negras encharcadas de sangue estava Sakura.
Olhos verdes sobre verdes. Instintivamente Sakura levou ambas mãos á cabeça enquanto seu outro eu pronunciava, em uma voz que não parecia pertencer ao mundo mortal.

- Este é o destino que entrego aquele que me aprisiona.

- ...não...

- Teu destino serás o eterno desespero.

- NAAAAAAO!! PAREEEE!!!!!


~*~
- Sakura, acalme-se!

- Não! Não! Não! Não! KYAAAAH!

- Sakura, acorde!

Grandes olhos verdes se arregalaram cobertos por lágrimas. Em choque, Sakura observou ao redor aturdida, enquanto sua respiração e ritmo cardíaco voltavam ao normal.

Debruçados á sua frente estavam os rostos preocupados de Ino e Kakashi, que lhe seguravam os ombros. Mais atrás, pôde ver Shikamaru.

" Estão...estão vivos...então foi..como...?"


- Sakura. - a voz de Ino era dócil. - Você está bem?

A ninja se levantou do colchão colocado no meio da cabine e abraçou a amiga, tremendo.

- Foi horrível! - a lembrança daquele horror fez as lágrimas voltarem. - Todos estavam mortos! Você, Tsunade, Sasuke..todos, todos! Foi horrível1 Sangue, muito sangue...

- Shhh, calma. - Ino a envolveu nos braços. - Está tudo bem, foi só um sonho...

- Tão real1 Tão horrível! É meu castigo...

- Já passou, Sakura. Já passou.

Todos ficaram em silêncio, só sendo possível ouvir o choro da garota que ia diminuindo aos poucos.

Kakashi observou a jovem e sentiu o peito doer. Lembrou quando um empregado do navio veio correndo á seu encontro, com o recado de Ino avisando que Sakura estava gritando de dor e que a encontrou no meio do corredor.

Ainda estava aturdido pelo beijo que trocaram mas, ao vê-la naquele estado, imediatamente a carregou até a cabine, procurando acordá-la. Sabia de casos que pessoas morriam se estivessem tendo um sonho muito violento.

Ele sabia o que estava acontecendo. E precisava chegar o mais rápido possível em Karnak e ir até aquele lugar onde o casal Haruno garantira que se era possível salvá-la.

" Mas, se tudo falhar e ela despertar, você deverá ter coragem para impedir."


Tsunade dissera aquilo com tristeza e vendo sua flor de cerejeira desamparada daquela forma, Kakashi cogitou a hipótese de que, talvez, não tivesse coragem suficiente.

" Por todos e por ela, não posso permitir que chegue á esse ponto."

~*~
A noite seguia alta e Shikamaru Nara podia notar a mudança do clima. Nos mares mediterrâneos a atmosfera era mais quente e o vento seco soprava constantemente.

" Por quê eu tenho que vir nessa missão?"


O jovem suspirou, decidindo acender um cigarro. Deu uma tragada e observou a fumaça flutuar. Debruçou-se na grade do convés molengamente. O mar era tão límpido que quase podia ver o brilho das estrelas refletido. Se tivesse alguma, claro. O céu estava escuro e coberto de nuvens, sem lua. Em qualquer outro lugar do mundo isso poderia indicar chuva mas estando no árido território de Karnak - que fazia fronteira com Suna - no período de estiagem essa hipótese era descartada.

Suna. Os ninjas de lá eram estranhos. Bom, não estranhos no sentido literal da palavra. Shikamaru já enfrentara muitos inimigos estranhos e os de Suna perto destes eram bem normais. Sem contar que a aliança com a Vila Oculta da Areia com Konoha havia ajudado muito.

Um estremecimento percorreu seu corpo ao lembrar do kazekage quando lutava. Um monstro, em todos os sentidos, isso que ele era. Para ele matar era fácil e Shikamaru ainda tinha algumas dúvidas se Gaara havia realmente mudado seu pensamento desde aquela vez que falara com ele no hospital, anos atrás.

Afinal, uma vez psicopata sempre psicopata.
Decidiu pensar em coisa melhor. O desespero de Sakura o fazia pensar em coisas psicóticas. Então, aprovando a idéia de pensar em qualquer outra coisa, a imagem dela surgiu. Ela.

- ...Sabaku no Temari...

Isso já estava ficando frequente. A simples menção do nome Suna o faziam vê-la em sua cabeça.

Já fazia um bom tempo que não a via. Embora agora muitos ninjas de Konoha saíssem em missões com ninjas de Suna ela nunca estava presente. Porém, sempre que surgia algo do tipo, Shikamaru - indo contra sua personalidade - se prontificava em comandar as missões. Tsunade deveria achar que ele fazia isso por realmente querer se empenhar na função ninja.

Mal a hokage sabia que ele só aceitava as missões com ninjas de Suna na vã esperança de Temari estar nelas.

Mas ela nunca estava.

Claro, sendo uma jounin habilidosa e ainda irmã do kagekage não faria sentido ela sair em missões assim á menos que fossem de extrema importância.

Enfim, Shikamaru chegou ao ponto de decidir que iria parar em ficar nutrindo tais possibilidades de vê-la. Não deveria perder seu tempo pensando em alguém que provavelmente mal se dava conta de sua ausência.

Oras, havia muita mulher no mundo. Mulheres até mais bonitas que Temari e sem aquelas atitudes auto-suficientes que a tornavam tão independente. Talvez ele devesse procurar uma garota mais submissa e dentro dos padrões, assim não teria problemas.

Só que estava difícil.

Enquanto olhava para o mar, Shikamaru se lembrou do que lhe havia acontecido em Konoha á cerca de uma semana...

~~~~~~~~~~flash-back~~~~~~~~~~~~
Shikamaru encarou a fachada do bordel em um misto de surpresa e desilusão.

- ...o que viemos fazer aqui?

- O que você acha, meu filho? - indagou o senhor Nara com um sorriso de orelha-á-orelha. - Chegou seu momento!

- Momento de quê?

- Não se faça de desentendido! - o homem desferiu um soco na cabeça do rapaz. - Está mais do que na hora de você perder a virgindade! Um jounin não pode ser isento de uma experiência tão prioritária quanto o sexo!

- Do que está falando? - Shikamaru indagou incrédulo, sentindo as bochechas arderem. - Esse tipo de coisa de pai levando filho em bordel é algo totalmente ultrapassado!

- É uma tradição de diversos clãs ninjas! - o homem ficou sério. - Seu bisavô perdeu a virgindade num bordel. Seu avô perdeu a virgindade num bordel. Seus tios perderam a virgindade num bordel. Eu perdi a virgindade num bordel e agora VOCÊ irá perder a virgindade num bordel, entendeu?!

Shikamaru sentiu uma gota descer pela testa. Absurdo.

- Pai, não faz sentido...

- Claro que faz! Você acha que jounins habilidosos como você (que orgulho!) possui tempo para desenvolver relacionamentos duradouros? QUando escolher uma mulher será pra casar! E como você vai agradar a garota sendo um virgem?! Vai acabar decepcionando ap obre coitada!

" Af..que visão problemática das coisas..."


- Entenda, meu filho. Um ninja precisa ter certos conhecimentos. E, quando o stress dominar as missões, você saberá para onde correr...enquanto não casar, é claro. Diferente do clã Hyuuga, o clã Nara é muito fiel ás esposas...

- Continuo não gostando desta idéia!

Silêncio. Subitamente, como se deparasse com uma possibilidade assustadora, o senhor Nara encarou o filho de forma apreensiva e assassina, colocando a mão ao peito. Shikamaru sabia o que ele estava pensando e tratou de responder, furioso.

- Eu não sou gay!

O homem, visivelmente aliviado, tratou de se recompor e apontou para o bordel.

- Se não é, então prove. Entre lá e dê o melhor de si! Agora!

Shikamaru colocou ambas mãos nos bolsos da calça e, sem outra alternativa se aproximou do estabelecimento. Parou na porta e então se virou para o pai.

- Você não vai entrar?

- Tá maluco?! Se tua mãe souber ela me capa! E o clã Nara é sempre fiel ás esposas. Vai lá, filhão! Divirta-se!

- Are, are..que problemático.

Dificuldade em se situar ali não foi problema para Shikamaru. Mal havia entrado, uma mulher de certa idade - que ele sabia ser a cafetina. - o abordou, como se já o esperasse. Provavelmente tinha dedo do seu pai ali.

- Alguma das garotas aqui o agrada ou prefere ver o catálogo?

" Catálogo?" Ele constatou, surpreso, que isso realmente existia. Uma pasta contendo fotos sensuais de todas as meninas que prestavam seus serviços no local. Shikamaru achava aquele tipo de coisa muito apelativa e vulgar, mas já que estava ali deveria ir em frente. A cafetina dissera que, se fosse o caso, ele poderia pedir que a moça escolhida se vestisse da forma que ele achasse melhor.

Uma das moças do catálogo chamou sua atenção e notou que, se ela prendesse os cabelos daquele jeito e usasse determinada roupa até que ficaria parecida.

Decidiu. Ninguém saberia afinal de contas, especialmente Ela. Se era pra ser, que fosse bom, pelo menos. Deu todas as instruções para a cafetina e esta pediu que ele aguardasse em uma das mesa até que tudo estivesse preparado.

Enquanto esperava, algo lhe chamou a atenção. Kakashi-sensei adentrou no bordel e foi recebido como se frequentasse áquele lugar á muito tempo. Se aproximou da cafetina e esta chamou uma das moças.

Shikamaru sabia que o copy ninja não o vira, pois havia se sentado em uma das mesas mais afastadas do recinto. Quando a mulher requisitada com antecedência por Kakashi se aproximou, Shikamaru não conseguiu acreditar.

" Sakura?!"


Não, não era ela. O rosto era diferente, mais maduro e não tão bonito. Mas a roupa era igual á que a kunoichi costumava usar e os cabelos além de terem o mesmo corte, estavam da mesma cor. Se a visse de costas, diria que era mesmo Sakura. Viu Kakashi circundar a cintura da prostituta e ambos se dirigiram á um dos muitos quartos da estalagem.

Absurdo!
Shikamaru não conseguia acreditar. Os homens eram realmente desprezíveis. Kakashi pagava prostitutas para que se vestissem como sua aluna. Fetiche insano.

Esse pensamento pareceu lhe dar um estalo. Ele estava para fazer a mesma coisa! Não, definitivamente isso não era certo, era uma falta de caráter e respeito. Talvez o melhor fosse sair dali e...

- Já está tudo pronto. O senhor pode ir até lá. É o quarto vinte e cinco.

Tarde demais.

A cafetina já estava lhe entregando a chave e Shikamaru sabia que não podia voltar atrás.

Embora sempre soubesse como manter o auto-controle, Shikamaru tinha de admitir para si mesmo que estava um pouco nervoso.

Aquele bordel era vulgar e as portas dos demais quartos estavam bem maltratadas. Podia ouvir gemidos em aposentos vizinhos e, ao chegar á sua, abriu a porta, trancando-a atrás de si logo que entrou.

Deparou-se com a excitante visão daquela garota. Usava meias-arrastão, uma bata branca e os cabelos louros presos em quatro partes. Sentiu a garganta seca e, antes que pudesse dizer alguma coisa, ela se virou. E Shikamaru percebeu que, embora parecesse não era quem ele realmente queria que fosse.

A jovem prostituta se aproximou com um sorriso, envolvendo seus braços em torno de seu pescoço.

- Por qual nome você irá me chamar?

Piscou. Ele era um canalha. Um canalha que só pensava Nela.

- ...Temari.

~~~~~~~flash-back~~~~~~~~~

Coçou a nuca, jogando a bituca de cigarro no mar.

Até agora, quando se pegava pensando em tudo, Shikamaru se perguntava como havia permitido que aquela mulher pudesse lhe dominar a mente dessa forma. Nunca havia trocado com ela sequer um beijo, mas fizera com que outra se vestisse igual para imaginar que era Ela em seus braços.

Será que isso é o que se chama de amor platônico ou obsessão? Independente do que for era muito problemático.

Interrompeu seus pensamentos ao notar que uma pessoa conhecida se aproximava.

- Ino? O que está fazendo aqui? Vai enjoar se ficar olhando o balanço do mar.

- Não aguento mais ficar trancada naquela cabine! Precisava tomar um pouco de ar fresco.

- Olha lá, hein! Não quero ter que ver você vomitando no chão.

- Ah, vai se danar!

Shikamaru suspirou e ambos ficaram debruçados na cerca do convés.

- E a Sakura? Melhorou?

- Sim. Kakashi vai ficar um pouco com ela. - a loira passou a mão sobre o rosto. - O sonho que ela teve...foi um pesadelo bem horrível. Só de ter me contado eu fiquei arrepiada...

- É...morrer abraçada ao Gaara deve ser frustrante, não?

- ...sem comentários! Até num sonho a Sakura produz besteiras!

Trocaram uma risada e ficaram em silêncio, escutando o navio deslizar pelo mar.

- Notei que você está mais pensativo do que o normal, Shikamaru. O que tem?

- Ahn..o de sempre. Estou entediado.

- ...e eu estou cansada da minha vida!

" Ih, lá vem. A Ino tá querendo desabafar, aposto que tá naqueles dias e isso sempre deixa ela assim. Eu devo ficar com minha boca fechada pra não ter que ouvir desabafo..."

- Sabe... - começou ela brincando com a mecha de cabelo que deixava solta. - Ás vezes eu sinto uma sensação de vazio quando analiso minha vida. Ultimamente percebi muitas coisas e...gostaria de mudá-las.

Shikamaru sabia que quando Ino iniciava suas tentativas de filosofia, poderia estendê-las por hora e lhe provocar um baita sono. Não estava á fim de estragar seu sossego e sabia que o certo seria inventar uma desculpa qualquer e terminar o assunto antes que começasse.

Porém, Shikamaru Nara não era assim. Sabia quando seus amigos precisavam desabafar e tentaria ajudá-los no que fosse possível.

- E por que você não muda?

- Não conseguiria mudar mesmo que quisesse. Nunca vou ser uma excelente ninja e nem sou atraente o suficiente.

" Tá zoando?! A Ino pode não ser uma ninja muito habilidosa mas dizer que não é atraente é neurótico. Todos os caras quase quebram o pescoço pra te ver passar!"

- Eu sou fútil e oferecida.

- ..."verdade"... quem te disse isso?

- Já ouvi comentários pelas minhas costas. - ela emburrou. - Sei que falam e você também sabe. Toda Konoha diz isso!!

- Claro que não. Mesmo que falassem, eu conheço você e sei que seriam mentira.

- Não tente me enganar, Shikamaru! Tá parecendo a Sakura! Já ouvi coisas das enfermeiras do hospital que me deu vontade de ir embora da cidade!

- Ino, você não deveria dar ouvidos ao que essas fofoqueiras dizem. Elas não tem nada melhor pra fazer na vida do que invejar e fofocar os outros.

- Todos inventam histórias sobre mim, mas nada é verdade! Só que todo mundo acredita!

- Eu não acredito. A Sakura não acredita, o Chouji e a Hinata também não.

- Mas...!

- Aconteceu alguma coisa relacionada á esses boatos?

Shikamaru havia acertado em cheio. Ino mordeu o lábio inferior ao se lembrar do que ouvira. O jounin podia jurar que ela estava lutando para não chorar mas, para sua surpresa, Ino respirou fundo e sorriu.

- Deixa isso pra lá, não é nada mesmo! Amanhã chegaremos em Karnak e aposto que vou fazer muitas coisas legais!

Shikamaru riu. Era assim que ele gostava de ver a amiga. Esbanjando força e vitalidade.

- Então Shikamaru é bom você descansar! Pois foi escolhido para carregar todas as minhas compras!

- Hein?! Ah nada disso! Sem chance sua problemática!

- Seja cavalheiro! - gritou ela se fingindo indignada.

- Ser cavalheiro dá muito trabalho...

~*~

" Eu sou uma louca mesmo."

Temari recostou-se nos travesseiros na cabeceira da cama e observou o jovem homem terminar de se vestir. Do ponto de vista geral, havia escolhido um belo exemplar. Suas horas perdidas pesquisando alguém cujos padrões físicos se assemelhassem ao que queria não foram desperdiçadas.

O homem encarou a bela loira completamente nua sentada na cama abraçando os próprios joelhos e ocultou um sorriso. Não podia deixar de se surpreender com a atitude daquela shinobi. Era extremamente raro uma mulher entregar sua virgindade daquela forma. Apesar de já ter conhecido os mais diversos fetiches, esse tipo de coisa nunca havia acontecido.

Sem dizer palavra, Temari apontou para o aparador ao seu lado onde havia uma determinada quantidade de dinheiro dentro de um envelope. O rapaz pegou, guardou no bolso e olhou-a. Mas ela se mantinha austera, como se levasse aquilo de uma forma mais profissional que ele.
Era, realmente, uma mulher fantástica.

Quando a porta se fechou, Temari suspirou, esticando as pernas na cama. Acabou acontecendo no fim das contas, exatamente como havia previsto.

Era a única mulher que conhecia que tivera a ousadia para fazer aquilo. Pagar um garoto de programa para realizar sua fantasia e lhe tirar a virgindade.

Louca, era o que qualquer um diria se soubesse. Temari não precisava requisitar os serviços de um homem para isso. Era bonita e desejável, se quisesse poderia ir para a cama com muitos homens. Mas ela jamais desejaria algo assim. Sentia nojo dos homens que conhecia e sempre considerou que nenhum deles era bom o suficiente para que aceitasse entregar sua castidade. Exceto um.

Talvez fosse por isso que, mesmo tendo vinte anos, permanecia virgem. Era estranho colocar isso como algo importante, justo ela que sempre foi liberal e que lutava pela igualdade dos sexos ( " ora não foi por isso que treino para ser uma grande shinobi?"). Entretanto, havia chegado á um ponto que não aguentava mais.
Se não poderia tê-lo, então que se pelo menos saciasse seu desejo com um homem experiente, disposto a aceitar sua fantasia e o mais importante: que mantivesse sigilo absoluto e não saísse contando para os amigos.
E isso só seria obtido se contratasse um profissional do ramo.

Decidiu tomar um banho no hotel e, enquanto a água morna caía por seu corpo, recordou-se de cada detalhe; desde o planejamento até a consumação.

Escolhera o profissional com cuidado e havia pago uma alta quantia o que provava a qualidade do serviço. Mas isso não a preocupava. Ela era uma das jounis mais poderosas de Suna e ganhava bem nas missões que cumpria. E no que gastaria isso se não fosse em benefício próprio?

Não se arrependia de ter sua primeira vez dessa forma, de verdade. Apenas se perguntava a verdadeira razão de ter pedido ao contratante que se vestisse exatamente igual á Ele. E para isso Temari havia conseguido um uniforme exatamente igual aquele usado pelos jounins de Konoha.

E, na penumbra que deixara o quarto, entregou seu corpo á um desconhecido enquanto imaginava ser Ele ali. Durante o ato, entre gemidos de suave dor e intenso prazer, sussurrava seu nome.

- ...Shikamaru.
~*~

Ela estava atrasada e isso não era normal. Não que precisassem chegar Lá depressa. Pelas informações que recebera, o navio só atracaria no porto pela manhã.

Por controlar a areia, ele sabia que isso acontecia pelo fato de que a areia não era capaz de reter o calor proveniente do sol e assim o solo não conservava qualquer temperatura á noite.
Assim como ele, a areia era incapaz de conservar algo que poderia lhe ser importante.
Será que, participando daqueles três sagrados rituais conseguiria descobrir a verdadeira razão que buscava?

Será que, quando chegasse Áquele lugar, Ela poderia lhe dizer qual era seu destino e sua razão de ser?

- Desculpe a demora, kazekage-sama.

Temari curvou-se em respeito para o irmã mais novo e sua silhueta ficou emoldurada pela luz branca da lua. Tinha de admitir que Temari era muito bonita e acreditava que, um dia, encontraria um homem á altura dela. Mas havia algo estranho, Gaara conseguia perceber, embora fosse incapaz de descobrir o que. Mas isso não importava. Pelo menos não agora.

Sem dizer qualquer palavra, os dois shinobis desapareceram na escuridão.

~*~

Divinos Pecados - indice

3 comentários:

Kika disse...

"Eu não sou gay!" Ahaha eu ri nesta parte ao imaginar a cara do pai do Shikamaru prestes a ter um atake cardiaco se ele fosse mesmo xD

Tsu disse...

Foi exatamente por imaginar essa cena hilária que eu escrevi essa parte =p

Anônimo disse...

Cara machismo é fogo...mas fazer o quê né...essa do kakashi foi muito engraçada, adorei...Ambos fazendo a mesma coisa, fingindo estar com quer de verdade!
bjs e paz!
http://guerradosmundosleka.blogspot.com/

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