4 de jun. de 2010

FanFics - Divinos Pecados - capítulo 13


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~*~

  Sakura abriu lentamente os olhos, procurando descobrir onde estava. Não era a escuridão das outras vezes, embora mais parecesse o nada. Sentiu que o chão sob os seus pés estava molhado e a claridade parecia vir de todos osl ugares e de lugar nenhum.
  Olhou ao redor receosa, procurando alguma coisa, qualquer que fosse, mas logo desistiu.

 " É inútil. Isso aqui é uma ilusão dentro de um sonho. Preciso descobrir sua razão para voltar á realidade."

  Algo pareceu se materializar metros á frente e Sakura estremeceu ao ver o que era. Seu instinto ordenou que recuasse para longe antes que a forma se concretizasse, mas tão logo ela se virou, deparou-se com uma pessoa. Soltou um grito, caindo sentada no chão, a fitar com assombro, Sakura.

  O seu eu a encarava de volta mas...era mesmo o seu outro eu? Embora a semelhança física fosse como a de um espelho, havia algo muito diferente naqueles olhos. Verdes com pupilas douradas que denotavam poder e crueldade.
  Sakura sabia que não poderia fugir dentro da própria mente de modo que reuniu coragem e decidiu encará-la.

- Quem...quem é você...?
- Você.

  A kunoichi negou com a cabeça, assustada. A outra apenas sorriu, cruzando os braços na altura do peito.
- Por quanto tempo ficará negando? És realmente uma mortal patética. Seria mais sábio e prudente aceitar que sua existência nada mais é do que um receptáculo temporário a me aprisionar. Mas isto muito  em breve mudará. – seu solhos se estreitaram. - Entregue teu corpo á mim por vontade própria e eu prometo que todos os seus tormentos acabarão.

  Tudo o que Sakura queria era sair dali e se livrar daquela coisa á sua frente, para que nada disso tornasse a acontecer.

- Você realmente não sabe de nada, não é? Você irá morrer para que eu possa ascender e cumprir meu destino. É assim que tem de ser.

- ...por quê?
 Ela não apreciou o fato de lágrimas estarem caindo pelo rosto de Sakura.

 Patética mortal.

- Isso é algo complexo demais para que você entenda.

- ...você está em meu corpo. Eu ao menos deveria ter o direito de saber!

- São muitas coisas que terá de saber para compreender. E cada saber será cruel, gerando sofrimentos talvez muito piores do que amorte. Além do mais, você não possui sabedoria suficiente para compreender toda a verdade além da verdade.

  Sakura não retrucou a ofensa. Como poderia? Era si mesma ali na frente dizendo aquilo, então só poderiam ser verdades incontestáveis.

- Sei que está sofrendo pelo desprezo daqueles que gosta e por saber, ainda que inconscientemente, que nada mais é do que uma casca a Me envolver. - o rosto da outra Sakura tornou-se sério. - Por isso, para evitar que você se martirize ainda mais, peço que me liberte.

  Foi então que Sakura percebeu o vidro que as separava. Exatamente como da outra vez.

  "Em vez de temê-la, compreenda-a."

  As palavras usadas pela voz misteriosa na noite passada a encorajaram encarar a si mesma sem qualquer receio.

- Por que você está presa dentro de mim?

- ...me liberte e eu darei as respostas.

- O que pretende fazer se eu a libertar?

- Eu cumprirei o meu dever.
- ...qual é o seu dever?

  A outra Sakura sorriu sensualmente.

- Me liberte e saberá.

  Aquilo já a estava incomodando.

- E se eu não quiser libertá-la?

  Diante de tal resposta, a criatura desfez o tom sereno da voz, tornando-o ameaçador.

- Você deve me libertar, Sakura.

- ...por que eu tenho o dever de te libertar? - começou, surpresa com a própria coragem. - Se você fosse realmente poderosa, não precisaria me pedir.

  A expressão da outra era agora pura fúria. Subitamente bateu ambas mãos no vidro, falando com os olhos a faiscar.

- Não ouse me subestimar. Sem mim você não é nada!

- ...acho que isso é o contrário, não?

- MALDITA! Humana insolente! Você que ousa me menosprezar, saiba que está cometendo uma blasfêmia! Garota tola, incapaz de manter o amor de um homem! Quem pensas que é para me afrontar? Teu corpo será meu e farei com que sua alma seja aprisionada no lugar da minha!

  Sakura pôs-se de pé e recuou alguns passos, agora realmente amedrontada.

- É uma questão de tempo para que me liberte. E nessa hora compreenderá que diante de mim você não é absolutamente nada. NADA!

~*~

 Temari se dirigiu ao restaurante do hotel para poder espairecer um pouco e aproveitar para comer algo pois já havia se passado muitas horas e ela continuava em jejum.

  Escolheu uma das mesas próximas á janela onde poderia admirar a paisagem árida da cidade. Fez o pedido e aguardou alguns minutos até que o prato fosse depositado á sua frente por um garçom. Agradeceu silenciosamente pela refeição e pôs-se a comer.

  Estava preocupada com Gaara e não conseguia disfarçar por mais que quisesse. Afinal, o fato dele ser sempre impassível para expor todas as emoções que sentia fez com que Temari aprendesse a notar cada detalhe de oscilação do irmão caçula. Por isso que, toda vez que estava ao lado de Ino yamanaka essas oscilações ocorriam com frequência.

  Era difícil acreditar que justamente Gaara pudesse estar gostando de alguém tão...tão comum. Talvez ele só estivesse deslumbrado com a beleza e vitalidade daquela menina que o tratava como tratava qualquer um. Apesar de ser o kazekage, Gaara desconhecia totalmente a complexidade da índole das pessoas.
  Devido á sua infância, Gaara só sabia definir o yin e o yang. Para ele talvez fosse muito difícil compreender que existiam pessoas que procuravam se aproximar dele por interesse próprio.

  Mas como dizer isso á ele?

  Temari não sabia. Embora já houvesse passado alguns anos desde que o Shukaku fora retirado, ainda era um pouco difícil conversar abertamente com ele sobre determinados assuntos.

  É. Certas coisas eram realmente difíceis de se explicar para alguém que nunca conhecera nada além de ódio e tristeza.

***flash-back***

  Era mais um fim de tarde normal em Suna. Após o ataque da Akatsuki, o país não sofrera qualquer ameaça realmente significativa e desde então os dias seguiam-se em uma completa rotina.

  Temari terminou sua ronda pelas fronteiras satisfeita por hoje não lecionar na academia ninja. Não nascera para ensinar os outros, não tinha a paciência necessária para lidar com aqueles gennins hiperativos e Kankurou era da mesma opinião. Os Sabaku sempre foram autodidatas em suas técnicas, talvez fosse um caractere hereditário.

  Adentrou no palácio do kazekage e quando tencionava ir até seu quarto descansar um pouco antes departir para seu solitário treino noturno, Kankurou a deteve.

- Preciso dar uma palavrinha com você.

- ...o que foi?

  O mestre das marionetes olhou ao redor, certificando-se de que não havia ninguém por perto.

- Temos um problema constrangedor envolvendo o Gaara.

- O que houve? - indagou ela, receosa.

- Bom...você sabe que agora o Gaara foi realmente bem aceito pelo Conselho, de modo que ele tem que fazer aquelas coisas de kazekage; o lance de políticos com políticos. Rituais em sociedades secretas, reuniões, festinhas particulares, esse tipo de coisa. Antes ele não podia promover e comparecer em muitas dessas coisas por ser de menor mas agora ele não é mais. Portanto ele tem que participar.

- Sim. E daí?

- Bom, o sistema político de Suna é predominantemente masculino...

- O que é um absurdo! - rosnou a loira. - Não consigo compreender como Suna pode manter uma visão tão retrógada e machista que...

- Isso não vem ao caso agora!

  Kankurou sabia que se deixasse, Temari falaria horas sobre o assunto. Ainda não sabia como a irmã nunca iniciara um protesto feminista no país com direito á greves, jornais alternativos e queima de sutiãs.

- O caso é que o pessoal lá do alto escalão político está querendo organizar uma daquelas "confraternizações" já que o Gaara é de maior. É um costume, sabe. Nosso pai sempre participava muito disso e é natural que o filho que o sucedeu faça o mesmo.

- É, - ela emburrou. - Já ouvi falar dessas festas. Se é que podem ser chamadas de festa. Estão mais para orgias disfarçadas de cultos á Baco. E qual é o problema além de uma ofensa aos bons costumes?

- O Gaara é o problema. Ou melhor; a vida sexual do Gaara é que é o problema!

- Como a vida sexual do Gaara será um problema se ele nem a tem?

  Silêncio constrangedor.

- Compreende, Temari? Como ficará a reação dos políticos de Suna ao descobrirem que o kazekage, shinobi mais poderoso da história de Suna, criado para ser uma arma e que já teve o Shukaku, mantendo um número incontável de inimigos ainda é virgem?!

-Bom, isso é um pouco fora do comum, mas não acho que seja motivo para influenciar nas decisões políticas do Gaara.

-Na verdade não influencia nessa questão. Mas você sabe como é a língua do povo e o humor ferino dos mesmos. Se o pessoal do alto escalão souber, vão começar a fazer comparações do Gaara com o papai e a oposição pode alegar que o Gaara é jovem e inexperiente demais para assumir o cargo de kazekage. Só que tem outro probleminha.

- Qual?

- As prostitutas! - desabafou Kankurou. - Nessas festas, muitas cortesãs de Suna são contratadas e a maioria vai avançar no Gaara, afinal elas o veem como uma chance de tirar a barriga da miséria!

  Temari começou a assimilar as coisas e, em choque, encostou-se na parede.

  Sim, as prostitutas iriam se oferecer para Gaara e, diante da presença daqueles políticos interesseiros, se ele se recusasse, o que iriam pensar do kazekage? Se Gaara fosse casado não teria que compactuar com isso, mas sendo solteiro...o pior é que se ele aceitasse, as prostituas saberiam queo kazekage é inexperiente. Nem beijar direito Gaara deveria saber!

  E as prostitutas iriam espalhar pela cidade inteira esse fato. E iria chover piadas impertinentes e boatos maldosos que poderiam deixar Gaara perturbado.

- Isso vai ser um problema.

- É... - Kankurou tinha um semblante decidido. - Temos que encontrar alguém pra desvirginar o Gaara logo!

- O quê?! Você não tem mesmo um pingo de bom senso! Coloca o sexo como prioridade e o sentimento fica inexistente! O Gaara está aprendendo muito sobre ele mesmo, seu caráter é uma tela em branco. Se fizermos ele perder a virgindade por perder, vai acabar se tornando um insensível canalha como nosso pai!

- Eu perdi minha virgindade com uma prostituta e não sou um canalha.

- É um caso diferente.- ela resmungou. - O certo não seria permitir que o Gaara dê importância ao que os outros dizem.

- Isso é certo mas o Gaara é uma pessoa pública. Seria difícil para ele conviver com uma intimidade violada.

- Se ele se tornar um canalha e maníaco sexual também será motivo de comentários maldosos.

- Temari. Seja certo ou não, queira você ou não, um homem que seja cafajeste é muito mais tolerado do que uma mulher cafajeste. Melhor ele pegar todas do que não pegar ninguém.

  O rosto da kunoichi tornou-se sombrio. Esta era uma verdade inegável. Desde tempos esquecidos, a sociedade - não apenas de Suna mas do mundo inteiro - se tornara altamente machista não só pela vontade dos homens mas pela das mulheres também.

  Quando um homem se relacionava com muitas mulheres era cobiçado, respeitado e popularizado. Mas quando uma mulher se relacionava com muitos homens era considerada vulgar, ridicularizada e usável.

- ...acho isso contraditório e sem noção.

- Mas é algo que não vai mudar tão rápido. O caso é que temos que falar como Gaara e convencê-lo de que perder a virgindade logo é altamente necessário.

- Você é homem. Falar desse assunto com ele é mais fácil do que eu falar.

  Kankurou suspirou, derrotado. Mas logo tratou de encará-la.

- Eu falo mas você tem que vir comigo!

  A mestra dos ventos sabia que não havia escolha. Só esperava que Gaara fosse capaz de compreender sabiamente tudo aquilo.

***flash-back***

  "Mas lógico que ele não compreendeu."

  Absorta em suas reminiscências, Temari terminou o almoço sozinha e, sorvendo o último gole de suco, decidiu que não havia razão para se preocupar com isso pois se agisse ou não agisse o problema não seria facilmente resolvido.

  As coisas eram realmente assim.

  Tratou de ir aos seus aposentos, decidida a só voltar a pensar no assunto se aquela loira idiota de Konoha passasse dos limites. No momento, Temari possuía coisas mais importantes para se preocupar, especialmente áqueles que se referiam á um problemático e irresistível shinobi de Konoha.

~*~

  Sakura não soube precisar por quanto tempo ficou ali, sentada imóvel no sofá. Os sons da rua eram nada mais do que sussurros distantes e incoerentes.

  Não pensava mais no calor que fazia no quarto, nas preocupações e nos erros que cometera. Não pensava em Kakashi, Sasuke ou qualquer pessoa. Não pensava em absolutamente nada.

  "Será um estado catatônico ou fui posta em transe? Mas se eu não estivesse pensando em nada, não estaria aqui pensando sobre isso, certo?"
  Á quem destino essa pergunta se não há ninguém aqui? Será que estou enlouquecendo? Me tornando um vegetal incapaz de qualquer coisa?
  Minha essência falecerá sem que eu possa compreender o que está havendo?"

 " - O tempo está correndo. Leve-me para fora deste lugar, Sakura."

 " Não posso. Meu corpo não se move."

  " - Ele irá se mover se você querer. Não deixe que meu poder se espalhe por sua mente ou você não possuirá qualquer vontade exceto á do meu poder."

 "Por que me ajuda?"

  " - Sem o seu corpo não tenho força. Ambas, você e eu, somos escravas do meu próprio poder."

  " O poder tem vida própria?"

  " - Não. Mas ele faz com que tenhamos uma outra face incapaz de pensar em algo que não seja o poder."
 
  " E como poderemos eliminá-lo?"

  " - Isso não é possível pois o poder é compartilhado por nossas almas. Podemos abrandá-lo, mas para isso você deve me levar até o Templo da Sagrada Deusa."

 " Como posso confiar em você depois de todas as ameaças que me fez?"

 " - Ou você confia ou irá lentamente perder a sanidade. E acredite, isso também me afetará."

 " Onde fica esse templo?"

 " – O meu instinto a guiará."

  Lentamente, como se estivesse hipnotizada, Sakura levantou-se e caminhou até uma das cômodas. Mecanicamente escreveu algo em um bloco de notas, depositando a caneta ao lado quando terminou.

 " - O que está fazendo?"

 " Algo para não deixar meus amigos preocupados."

 ~*~

  Ino caminhou com passos apressados pelo corredor, seguida por um Shikamaru repleto de sacolas, mais parecia um cabideiro humano.

- Ai, ai! Eu ainda tenho que tomar banho, me maquiar, colocar aquela roupa de dança...estou muito atrasada!
- Roupa de dança? Do que você está falando?

- Acredite se quiser, mas ontem eu encontrei neste hotel minha antiga professora de dança e ela com mais algumas alunas da nova escola que abriu vão fazer uma apresentação na festa do hotel essa noite.

- Desde quando você tem aulas de dança?

- Desde que comecei a treinar com a Tsunade-sama. Na época minha professora dava aulas numa academia em Konoha. - ela riu, irônica. - Ou você acha que eu consegui essa cinturinha e esse corpo durinho só fazendo dieta?

- Oh...

-Claro que você não imaginaria isso porque estava em missão ou porque nunca se importa com esse tipo de coisa. E a Sakura não suspeitou porque ela só pensa em estudos. Mas isso não é o mais legal.

- Lá vem...

- Minha professora, infelizmente torceu o tornozelo e não poderá conduzir a apresentação de dança de modo que EU que dançarei no lugar dela, já que fui sua melhor aluna.

- Heh, essa eu quero ver.

- Pois verá! Vou mostrar que embora não tenha boas qualidades ninjas, tenho excelentes qualidades femininas! - havia determinação em brasa nos seus olhos ao dizer tais palavras.

 Estavam quase chegando na direção dos quartos quando viram Kakashi sair de seu dormitório com um semblante péssimo. Passou pelos dois como se eles sequer existissem e desceu as escadas.

  Ino e Shikamaru trocaram olhares. Havia acontecido alguma coisa e não era boa. A loira tratou de adentrar no dormitório que dividia com Sakura e, enquanto Shikamaru colocava as sacolas encima do sofá, ela chamou a ninja de cabelos róseos.

- Estranho...ela não está aqui e o Kakashi-sensei está com uma cara péssima. Será que em vez de se acertarem, se desentenderam? Hum?

  Ino pegou o bloco de papel sobre a cômoda e leu a mensagem.

 "Eu estou bem. Tive de ir até o Templo procurar certas respostas de que necessito. Mas voltarei antes de partimos, tenho certeza disso.
                                   Sakura. "

- Shika, acho que temos um problema.

  O jounin leu o bilhete que a garota estendera e franziu o cenho.

- Pelo menos temos uma idéia para onde ela foi.

- A Sakura estava mesmo demorando para criar problema!

- Não se preocupe. Vá se arrumar para sua apresentação que eu darei um jeito nisso.

- Você vai atrás dela?

- Nem pensar! Eu marquei de buscar a Temari para ir na festa ás sete em ponto. Se cancelar, ela vai ficar furiosa.

- Oh! -riu. - Ela é "Temari" agora e não "problemática"? A relação está avançando hein?

- Nem comece...além do mais, é evidente por esse recado que a Sakura saiu por causa de alguma coisa com o Kakashi. É certo que ele vá buscá-la.

- ...será que é mesmo?

- Eu espero que seja. Vou entregar o bilhete á ele assim que me arrumar. Pela cara do Kakashi tenho certeza que ele foi ao bar do hotel.

- Mas não seria bom que ele procurasse a Sakura agora? - Ino estava realmente preocupada.

- Está tudo bem. Acho que tanto a Sakura  quanto o Kakashi precisam ficar sozinhos um pouco. Quando eu entregar esse bilhete ao Kakashi, ele sairá voando atrás dela.

- Como pode ter certeza?

- Feh. Você sabe disso muito melhor do que eu.

~*~




Um comentário:

Anônimo disse...

kkkk!
Festas de "confraternização" obscuras para gaara...essa foi hilária! Imaginei a situação!
bjs e paz!

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