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Kakashi sentou-se na mesa redonda assistindo o velho Kalui servir o chá em delicadas xícaras de porcelana acompanhadas por algo semelhante á biscoitos amanteigados.
O passado do Canino Branco que todos desconheciam.
A infância de Kakashi Hatake sempre pareceu confusa e controversa. O clã Hatake nada mais era do que uma referência para justificar a habilidade ninja Kuchyouse no Jutsu com cães. A verdade é que Kakashi jamais conhecera outro membro do clã além de seu pai e dele próprio. E era verdade também que nunca tivera interesse em saber de sua família.
Kakashi nunca conhecera a mãe. Vivera toda sua infância – até ser treinado pelo Yondaime – com o pai, o famoso Canino Branco. Embora ele fosse calado, distante e ocasionalmente partindo em missões importantes, era uma pessoa que o pequeno Kakashi respeitava e admirava.
Apesar de sério, costumava ser gentil mas Kakashi nunca fora capaz de fazer com ele outras coisas que os demais garotos faziam com seus pais.
Quando Kakashi procurava perguntar sobre a mãe, o pai sempre respondia que era uma bela mulher, muito culta, gentil e especial. Mas e afastava ou cortava rudemente o assunto quando Kakashi pedia mais detalhes. Assim, depois de um tempo, ao perceber que o assunto entristecia seu pai, Kakashi desistiu de perguntar e querer saber.
A única coisa que o intrigava era que ninguém de Konoha, nem mesmo o hokage sabia algo sobre a esposa do Canino Branco. Diziam que, depois de uma missão, ele havia aparecido com o bebê – seu filho – nos braços e ponto final.
“ Você é apenas a consequência de uma aventura sexual do Canino Branco!”
Foi isso o que seu próprio pai dissera durante uma briga que haviam tido pouco antes de Kakashi treinar com o Yondaime e o Canino Branco ter tomado a decisão de suicidar-se.
Um bastardo, era isso o que Kakashi era. E talvez por causa dessa vergonha que sentiu, procurou inconscientemente esconder-se dos outros ao mesmo tempo que se tornava conhecido pela humilhação que o suicídio do pai lhe abatera. E a melhor forma para isso era ser um shinobi mascarado.
“ Então você decidiu esconder seu rosto porque se envergonha de ser um bastardo?”
A pergunta do Yondaime o incomodava até hoje. Na verdade, Kakashi não sabia se usava a máscara por isso ou se esse era apenas um dos motivos para tal.
Mas, provavelmente a máscara servia para ocultar de todos e até de si mesmo o fato de que, á cada ano que se passava ele ficava mais e mais parecido com o Canino Branco.
- O chá acabará esfriando.
Kakashi afastou-se de seus devaneios e encarou o ancião. Mexeu o copo nas mãos e percebeu que teria de retirar a máscara. Optou por continuar como estava.
- Gosto de chá gelado.
- ...entendo.
- Peço desculpas por incomodá-lo com isso, mas se o senhor pudesse me responder algumas perguntas, ficaria grato.
- Por mim, tudo bem. – o homem sorriu. – Mas o senhor deve estar cansado depois de uma viajem tão longa.
- Verdade mas...minha curiosidade supera o cansaço.
- Então irei responder ás perguntas. Porém, se houver alguma que eu não possa responder, peço que não exija.
- ...por quê?
- Eu sou um sacerdote da Floresta Proibida que serve diretamente á Santa Deusa. Existem coisas que por estarem envolvidas nos mistérios deste lugar não podem ser ditas.
A verdade era que Kakashi não compreendia. Afinal, por quê? O que seu pai e a sacerdotisa que sua mãe fora tinham á ver com os tais “mistérios” daquele lugar? Certo, só o fato de sua mãe ser uma sacerdotisa e que seu pai fora capaz de adentrar naquele lugar – que ele sabia pelo esforço de Gaara, ser impossível para alguém comum – seria razão mais do que suficiente para obter respostas.
- ...a sacerdotisa com quem o Canino Branco se envolveu...ainda está aqui?
- ...não. – os olhos do velho desviaram-se por um segundo.
- Ela ainda está viva?
-...sim.
- Poderei vê-la?
- ...não.
Kakashi estreitou os olhos. O rosto do homem era austero e o copy ninja sabia que não deveria pressiona-lo. Não ainda.
- O Canino Branco ficou muito tempo aqui?
- ...não. Só o tempo para início e conclusão do ritual Beltane.
Ritual Beltane? Seria o mesmo tipo de ritual que lera naquele livro do Icha Icha Paradise? As peças começaram a a se encaixar.
- Ele nunca mais voltou depois disso?
- ...não. ( - Por quê?) Porque seu dever foi concluído com êxito.
- E qual era esse dever?
- Não tenho permissão para lhe dizer, pois se refere aos mistérios da Floresta Proibida.
Kakashi fitou o homem e soube que não seria tão fácil extrair facilmente informações dele quanto pensava. Mas, tudo bem. Como bom ninja que era, Kakashi encontraria formas de obter as informações que desejava. E, mesmo que fossem vagas, estava confiante de que seria capaz de juntar as peças desse quebra-cabeças que, sem dúvida alguma, era muito complexo.
Ele só não imaginava o quanto.
~*~
- Sim. Sua outra alma. Sua alma divina, santa e imortal. Você possui o poder da Grande Mãe, assim como eu.
Sakura não conseguia acreditar e compreender aquelas palavras. E mesmo que conseguisse, no fundo de seu coração não desejava crer.
Tudo era loucura, ilusão, qualquer coisa, exceto a verdade. A Santa Deusa só poderia estar brincando, outra explicação plausível estava fora de cogitação.
“ Eu, uma espécie de...deusa?! Isso é impossível. Eu não tenho qualidades físicas e psicológicas necessárias para isso. Sou fraca, sempre fui e o caos que gerei veio de um poder que não me pertence. Santa? Eu sou mesquinha, cheia de pecado, não tenho boa índole. Não tem como, isso é absurdo, sem noção eu não sou perfeita para...”
- A perfeição reside na imperfeição.
Sakura encarou a mulher. Aquela frase até fazia sentido se fosse analisada pelo lado filosófico mas aquilo não poderia ter sentido caso se referisse á sua pessoa.
- Por que não acredita em si mesma, Sakura?
- E- eu acredito em mim mas...existe um certo limite para se acreditar em si mesmo.
Os olhos da Santa Deusa a fitavam e Sakura pensou no que dizer, mas nada que parecesse bom o suficiente.
“ Como é possível que eu tenha qualquer tipo de semelhança com ela? A Santa Deusa é tão bonita e perfeita. Poderosa, encantadora, inteligente, gentil...eu sequer chego á seus pés. Isso só pode ser um engano.”
- Há muito mais em ti do que você acredita, Sakura. É a mesma coisa comigo.
A jovem corou quando a Santa Deusa levantou-se do trono e se ajoelhou á sua frente, fazendo com que ambas ficassem quase da mesma altura. A Santa
- Sei que tudo está lhe parecendo confuso e absurdo mas estou aqui para te ajudar e te guiar em seu destino. Não tema, minha criança. Ao contrário do que você e seus amigos podem pensar, não desejo lhe fazer qualquer mal, pelo contrário.
Os olhos verdes da kunoichi piscaram. Como alguém seria capaz de pensar coisas negativas daquela criatura? Seu próprio coração sentia-se feliz ao lado Dela.
- Sua viajem e consequências foram cansativos e dolorosos, portanto por hoje não irei pressioná-la em nada. Haverá muitos dias para conversarmos e para que eu lhe ensine o que você precisa aprender.
- ...tá.
A Santa Deusa era jovem, concluiu Sakura. Provavelmente não muito mais velha do que ela. Mas aqueles olhos...eram olhos sábios, de alguém que já vira muitas coisas durante muito tempo.
- Agora... – ela pareceu hesitar por um momento. – Será que eu poderia abraça-la?
Sakura não conseguiu acreditar no que ouvira. Apenas acenou lentamente com a cabeça e a Santa Deusa a abraçou com ternura. E, ao encostar a cabeça no peito da mulher, sentiu o aroma agradável de seus cabelos. Apesar de estar um pouco incomodada com tal ato, ao mesmo tempo Sakura sentiu-se segura e realmente acreditou que, enquanto estivesse ao lado Dela, nada de mal lhe aconteceria.
Com timidez abraçou a mulher, sentindo como se ela fosse um ente querido que não via há muito tempo, mas que sempre ansiara por reencontrar. E fechou os olhos.
O rosto da Santa Deusa parecia entristecido e seus olhos por um momento perderam o brilho.
“ Obrigada, Sakura. E...me perdoe.”
~*~
Ela optou por ficar ali na entrada do templo observando a relva verde e as frondosas árvores do bosque que constantemente tinham algumas folhas sendo levadas pelo vento. Aquele lugar era tão paradisíaco que mais parecia fruto de um sonho ou de uma história de fantasia.
Ino Yamanaka sabia que não pertencia áquele lugar e tinha absoluta certeza de que não deveria estar ali. Todos os seus parceiros possuíam um papel naquilo tudo. Sakura principalmente. E algo lhe dizia que Kakashi também afinal ele era um dos ninjas mais incríveis que conhecera. Temari se ouvira bem, passara boa parte da infância ali o que certamente era uma forte ligação. Já Shikamaru...assim como ela, era visível que ele não sentia-se á vontade naquele lugar mas Ino o conhecia bem e sabia que ele logo se adaptaria ao “habitat”, pois contestar coisas inexplicáveis sempre lhe era problemático.
Assim, só Ino sabia que não possuía razão para estar ali. Viu então Gaara, encostado em uma das árvores no interior do bosque. Ele mantinha os braços cruzados e seus olhos verdes fitavam não o templo, mas provavelmente as estátuas humanas e animais esculpidas em gesso e que embelezavam a entrada principal do templo, intercalando com o caminho.Ino não podia negar que ele era bonito. Os cabelos revoltos vermelho-sangue, o corpo atraente, a pele alva isenta de imperfeições e os olhos verdes realçados pelo contorno negro das pálpebras.
Sim. Talvez não tenha sido paixão, desejo ou curiosidade que a havia impelido a dançar para ele e entregar seu corpo. Aquele súbito sentimento havia surgido de uma forma assustadoramente simples, no exato instante que verdes se encontraram com azuis.
“ Eu estou nos braços do kazekage...”
A garota corou. Embora acreditasse no amor, aquilo estava lhe sendo vergonhoso. Pensando agora, a forma como se sentia era...
Respirou profundamente e tratou de se aproximar. Gaara notou a presença e virou-se para encará-la, os braços agora descansados de cada lado do corpo.
- ...oi.
- Oi.
O silêncio era constrangedor. Mas ele sabia muito bem que era incapaz de se comunicar corretamente com as pessoas. Não que não quisesse, mas durante a maior parte de sua vida nunca tivera ninguém com quem pudesse conversar. Ninguém que quisesse conversar com ele.
E, mesmo que isso tivesse começado a mudar, ainda era difícil para Gaara fazê-lo com facilidade. Ele sabia perfeitamente batalhar, mas descobriu que era um fracasso em se expressar.
Especialmente diante daquela garota.
- ...o que você achou desse lugar? – Ino sabia que para aquele ruivo abrir a boca era preciso puxar assunto.
- ...é um lugar que eu não imaginava existir.
- É...aqui me faz lembrar daquelas histórias de fantasia e magia dos livros. Sabe, como um paraíso ou algo assim. Porém...
Ino não terminou a frase. Por alguma razão ficara incomodada com a sensação que sentira no momento que havia entrado naquele lugar. Mas só o fato de ela sentir isso poderia ser considerado uma blasfêmia.
- É a presença Dela.
Ino piscou, mas logo consentiu em silêncio.
- Não sei por quê mas...eu não me sinto á vontade na presença Dela desde que a vimos.
Gaara ficou em silêncio.
- Talvez só eu tenha sentido isso. Só que....quando os olhos dela me fitaram, foi como se ela visse tudo o que eu realmente sou.
Ino se calou. Talvez Gaara não ligasse para isso ou tivesse uma opinião contrária. A loira já havia colocado na cabeça que entoar uma conversa com o kazekage era uma tarefa árdua, mas ficar naquela situação a deixava pior. A jovem sentia-se sufocar por dentro por causa desse possível descaso do ruivo e as tentativas de abordar algum assunto para encontrar uma brecha para falar sobre o que estavam tendo se mostrava cada vez mais difícil.
Se fosse com qualquer outro rapaz, Ino não teria dificuldades em coloca-lo contra a parede e esclarecer tudo de vez. Ora, ela era uma mulher decidida e as desilusões amorosas que sofrera a haviam ensinado as não temer por angústias. Então, por que diabos estava agindo de um modo totalmente oposto por causa de um cara com transtorno bipolar?
- ...ela parecia nos tentar, como se procurasse descobrir o quão fortes eram nossas convicções.
- ..d-do que está falando?
- Da Santa Deusa. De que mais poderia ser?
A forma inexpressiva como Gaara a encarou, fez Ino repreender-se mentalmente diante da própria ignorância.
- B-bom, talvez seja isso. – disse, olhando a grama em seus pés. – Só que o mais intrigante é que...Ela parece emanar tanta sabedoria, beleza e mistério que tenho a sensação de duvidar de suas reais intenções.
- Não há maldade na Santa Deusa se é isso o que deseja saber.
- ...como pode ter tanta certeza?
- Eu apenas sei.
Era impressão sua ou havia a sombra de um sorriso no rosto dele ao dizer aquilo?
Ino suspirou. Gaara poderia ser bonito, charmoso, poderoso e bom de cama, mas em compensação era incompreensível. Uma pessoa complexa demais na sua opinião.
Mas, mesmo assim, sentia-se bem ao lado dele. Mesmo que não conversassem sobre certas coisas. Por quê?
- ...desculpe.
- Pelo o quê? – indagou ela arqueando uma sobrancelha.
- É que...achei que deveria me desculpar.
Gaara era capaz de ver perfeitamente as emoções daquela garota em seus grandes olhos azuis e foi como se sentisse o mesmo. A verdade era que desejava lhe dizer...queria dizer que...mas não conseguia.
Sem dizer qualquer palavra, Gaara lhe deu as costas e voltou para o interior do templo, deixando Ino completamente só.
~*~
Havia vapor gelado saindo de seus lábios cada vez que respiravam. Aquela clareira continuava fria e, embora estivessem tremendo, não desejavam despertar de tal sonho.Ele observava o céu estrelado sem pensar em algo específico e, quando a garota espirrou, retomou a sanidade.
- Oe, é melhor se agasalhar.
Temari sentou-se no colo do parceiro, fazendo-o conter um gemido e ajeitou os cabelos até perceber que ele a observava com o sorriso qe não só a irritava, como a deixava...
Se levantou bruscamente e, enquanto Shikamaru ainda se sentava na relva, ela já estava a colocar suas roupas.
Tão perfeita....e havia sido totalmente sua.
- ...para onde vai?
- Creio que não tenho de lhe dar satisfações.
Temari sorria. Sorria daquela forma que o fazia ficar em dúvida se os seus olhos eram azuis ou verdes.
- Deixa de ser problemática, problemática.
- Vai começar a choramingar, bebê chorão?
É, certas coisas não mudariam nunca. Tratou de se vestir com rapidez e ficou a observando terminar de prender o cabelo.
Por alguma razão que não compreendia. Temari sentia-se feliz e irritada ao mesmo tempo. Pois não sabia como reagir, afinal...não estava habituada com aquele tipo de coisa.
Deixe tudo por conta do destino.
Talvez fosse o melhor mesmo. Fechou o grande leque e o prendeu ás costas. Já estava para sair quando voltou-se para o jounin.
- Vai ficar aí?
Ele arqueou uma sobrancelha, divertido. Colocou as mãos nos bolsos da calça e se aproximou. Temari ocultou um sorriso e caminhou, indiferente. Seguiram o caminho de volta ao templo em silêncio. Afinal, o que poderiam dizer em uma situação dessas? Mas seus pensamentos eram mútuos.
“ Por que minha vida precisa ser tão boa e tão problemática?”
~*~
A noite já seguia alta quando Sakura voltou á entrada principal do templo acompanhada pela Santa Deusa.
Não haviam conversado muito durante a caminhada. Sakura desejava fazer muitas perguntas mas a Santa Deusa garantira que tudo seria explicado no devido tempo. E, agora que estava ali não deveria se preocupar com mais nada.
“ Mas eu não consigo evitar de me preocupar. Tudo aqui parece inexplicável e agora a certeza do que tenho dentro de mim é enlouquecedor.”
- Por favor, Sakura. Não se angustie pois terá todas as respostas em breve.
- ...a senhora...leu a minha mente?
- Não precisei. Bastou sua aura para saber o que está sentindo. Você não é capaz de mascarar suas emoções, especialmente para mim.
Pararam no meio da trilha e Sakura estremeceu quando a brisa percorreu seu corpo e as flhas balançaram com suavidade. Notou que o mais suave vento era capaz de ondular as vestes de seda da mulher ao seu lado.
Foi então que, há poucos metros de distância, já nas proximidades do templo, Sakura encontrou Kakashi.
Kakashi por sua vez, foi impelido pelo sharingan a encarar a Santa Deusa, constatando mais uma vez que Ela era, sem dúvida, uma criatura capaz de emanar uma energia poderosa e diferente de todas as outras. Mas logo o copy ninja desviuo sua atenção para a garota de cabelos róseos.
E então viu.
Foi por frações de segundos, mas ao notar Sakura ao lado Dela, foi como se um vislumbre da mente a visse usando os trajes de seda.
Santa Deusa...Sakura.
- Kakashi-sensei...?
A voz doce da garota o fez piscar, como se saísse de um transe e percebeu que Sakura estava próxima de si, permitindo que ele se encantasse com seus grandes olhos verdes.
- Oi! Está tudo bem, Sakura-chan?
- S-sim.
Fitaram-se em uma espécie de conversa muda. Kakashi queria perguntar o que a Santa Deusa havia dito e Sakura desejava lhe contar tudo o que ouvira.
“ Há muito mais do que eu fui capaz de imaginar, Kakashi. Muitas coisas...muitas coisas...”
Precisavam conversar. Ele notou que a respiração de Sakura estava um pouco acelerada e controlando-se ao máximo para não desabar ali mesmo pois...a Santa Deusa os observava.
- Irei deixa-los á sós. – a voz da deusa saiu calma. – Procure descansar Sakura, pois amanhã precisarei que esteja ao meu lado, como havíamos combinado.
- ...tá.
Ela sorriu e Sakura sentiu-se um pouco mais aliviada. A Santa Deusa então fitou Kakashi e, embora o olho negro estivesse abaixado, o sharingan a fitava profundamente.
“ O sharingan está sempre lhe observando não é mesmo? O brilho vermelho dele parece estar em toda parte. O sharingan é capaz de vê-la como tu vê á todos.”
- Boa noite, Hatake Kakashi.
- ...boa noite. – ele curvou-se em respeito. – Minha Senhora.
Sem fazer qualquer ruído, a Santa Deusa se afastou em direção á outra trilha que certamente a levaria para seus aposentos particulares.
Estando sós, os dois shinobis encararam-se e, num impulso, Sakura jogou-se nos braços do copy ninja. E a única reação ele foi abraça-la, percebendo mais uma vez o tanto que ela era frágil.
- Ei, Sakura. – chamou carinhosamente acariciando seus cabelos. – O que lhe aconteceu, meu bem?
A voz de Kakashi e os braços fortes em torno de seu corpo a faziam sentir-se protegida. Ele sempre estivera ali nos momentos em que ela se via completamente desamparada. Kakashi era a única pessoa, em todos esses anos, que nunca a abandonara.
- Me diga o que aconteceu, Sakura.
Mas ela nada dizia. Só queria ficar ali, sentindo as batidas do coração forte. A certeza de sua presença era suficiente por enquanto. Por quê?
- Sakura. A Santa Deusa lhe dsse alguma coisa?
A jovem recordou-se do momento em que a Santa Deusa a abraçou. Um ato inesperado, mas que por um momento lhe permitiu adentrar no coração dela. Tão poderoso mas tão machucado!
- ...ela não me disse nada. – mentiu, mas levou a mão ao peito. – Mas eu...não sei explicar. Foi como se eu pudesse sentir os sentimentos Dela. E esses sentimentos eram tão intensos!
- ...tenha cuidado. Não sabemos quais podem ser suas reais intenções.
- Você não confia na Santa Deusa?
A fragilidade de Sakura havia desaparecido e ela novamente era a kunoichi destemida. Kakashi suspirou.
- Você acha que ela é...imortal?
Ele fez uma leve pressão na cintura fina ao ouvir a pergunta.
- ...não sei. Você acha que ela é imortal?
- Não acho. Tenho certeza. E é muito mais do que isso. – molhou os lábios antes de continuar. – Amanhã ficarei o dia inteiro com a Santa Deusa. Ela me disse que explicaria tudo o que eu devo saber e aprender.
Por quê aquilo o incomodava tanto?
- Talvez o que eu esteja sentindo seja uma espécie de ansiedade. – divagou. – Mas acho que me sentirei melhor ao saber o que preciso. Ou pelo menos é nisso que quero acreditar.
- ...é para isso que viemos aqui, não é?
Ela afirmou com um gesto da cabeça. Por quê ficar nos braços de seu sensei era tão bom? Não sabia, mas isso não importava agora. Reunindo um pouco de coragem o encarou, o rosto levemente corado.
- Fica um pouco comigo, Kakashi-sensei?
O rosto do ninja se suavizou e, sem contestar, levou uma das mãos á máscara, a abaixando e permitindo que a garota visse seu rosto. Sakura estremeceu. Ele era realmente um belo homem. Muito belo.
Um arrepio percorreu seu corpo quando, segurando seu rosto, ele a trouxe para seus lábios com um beijo intenso e apaixonado. Sakura fechou os olhos com um suspiro, lhe segurando o pescoço para retribuir o gesto.
Beijaram-se demoradamente, as línguas brincando de forma carinhosa e subversiva. Afastaram-se alguns segundos para respirar e logo suas bocas tornavam a se unir enquanto as mãos acariciavam seus rostos e corpos.
Os beijos eram tão perfeitos que as preocupações deixavam de existir.
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Ela caminhou lentamente pela trilha de cascalho que cortava a densa floresta sem receio algum. A noite estava escura e o silêncio total era capaz de provocar calafrios em qualquer pessoa, exceto á ela. Conhecia perfeitamente cada parte daquela floresta, incluindo lugares que ninguém jamais havia explorado. A Floresta Proibida já era parte de seu ser, um paraíso mágico que sobrevivia eras graças ao poder da Santa Deusa.
Chegou ao fim ao topo de um morro sentindo o forte vento. O círculo de pedras era um dos locais mais antigos e sagrados da Floresta e portanto um dos que mais conservava energia espiritual.
As grandes pedras que formavam o círculo eram de hematita pura e seu brilho era o suficiente para provar a fora da terra que ali jazia.
A bela mulher dirigiu-se ao centro do círculo onde havia uma grande mesa de pedra desgastada pelo tempo e preenchida com uma quantidade incontável de simbolos cabalísticos e cuneiformes. Ajoelhou-se sobre a relva úmida de frente para mesa.
Como era seu desejo, Sakura Haruno estava ali e agora a Santa Deusa deveria reunir coragem para realizar a última parte do plano para que seu destino fosse cumprido.
Iria demorar um pouco, mas tinha certeza de que Sakura seria capaz de compreender. Sim, ela compreenderia pois este era o destino traçado para ela mesmo antes de seu nascimento.
“ Não me importo se não me perdoares. Aceitarei tua ira contanto que você compreenda a real razão de ter feito o que fiz.”
O tempo havia começado a correr e Ela não poderia fraquejar. É assim que as coisas deveriam ser. Pela Santa Deusa, pelo mundo, pela fé, pela alma de Astarte, por Sakura...
E também por Morgan.
Morgan...nesta era, apenas Sakura e Ele haviam descoberto seu nome tão logo vislumbraram a Santa Deusa. As duas pessoas que a Santa Deusa Morgan amara incondicionalmente nesta era.
O homem de cabelos negros e olhos cor de sangue eram a causa. A jovem se cabelos róseos e orbes verdes eram a consequência e a imortal existência da Santa Deusa era a razão.
Morgan fechou os olhos e reuniu todo seu poder espiritual. Jogou as runas e através dos místicos símbolos, procurou encontrar as respostas de que necessitava.
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3 comentários:
...a Sakura é filha da deusa com o Itachi? O.O
E o Kakashi é filho de uma sacerdotisa? Interessante!
Achei um capítulo mais de ligação, se é que é possível denominar assim, mas tinha um teor mais explicativo....
To gostando, quero saber desses rolos todos!
ps: Temari, grossa! XD
Oi Robs!
De onde vc tirou que a Sakura era filha da Santa Deusa com o Itachi????
NAAAO!! Alem de ser impossível (o Itachi não é tão velho á ponto de ter uma filha daquela idade!) eu jamais faria com que o Itachi tivesse uma filha tão...tão boba rs.
Mas aquela cena é referente á outra coisa muito interessante!
E sim, esse capírulo serviu para começar a ligar as coisas e preparar para o desfecho que ainda está um pouco distante.
bjs!!!
Nossa...quantos mistérios do passado de kakashi...quem diria né!
Essa questão dele gostar da sakura, dela ser "diferente"...A história do passado do kanino branco se repetirá com sakura e kakashi?!kkkk!
Veremos!kkk!
bjs e paz!
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