Angel Beats!

My soul, your beats!

Um anime surpreendente não por sua animação ou contexto, mas sim pela evolução de seu enredo, Angel Beats foi considerado a melhor série de anime produzida em 2010 e merece o título.

Inicialmente a obra parece ter um enredo simples e ficcional, repleto de elementos padrões de um anime que visa o entretenimento. E é ai que está a genialidade da produção. Você acompanha a obra para usufruir do belo traço, excelente trilha sonora (no melhor estilo j-pop) e ótimas cenas de comédia. Então, começa a perceber que ali há uma mensagem sobre valorizar cada coisa de sua vida.

Angel Beats foi produzido focando na trilha sonora. A série de apenas 13 episódios foi promovida em rádios do Japão e logo atraiu o interesse do público. Entretanto, nesse artigo focarei não a “marca” Angel Beats e sim o anime.

A história de Angel Beats começa de forma inusitada e seu ritmo ágil segue intacto do começo ao fim. O jovem Ootonashi desperta durante a noite em frente à uma espécie de colégio. Aturdido e sem nada compreender, ele vê a sua frente uma graciosa colegial posicionada com um rifle de longo alcance. Ela se apresenta como Yurippe, a comandante do Frente de Batalha contra Anjos (embora esse nome mude constantemente, mantendo apenas o “Frente de Batalha” intacto) perguntando se ele gostaria de se aliar ao grupo.

Ootonashi recusa e, então Yurippe revela que ele está morto e que aquele lugar seria uma espécie de purgatório. Embora tenha perdido parte de sua memória a cerca de acontecimentos mais recentes, Ootonashi não acredita estar morto.

Yurippe volta a atenção para o rifle, pois o “Anjo” – o inimigo da Frente de Batalha – acabou de chegar. Ao ver que o tal anjo é apenas uma bela garota de cabelos prateados, ele acha tudo aquilo um absurdo e decide ir falar com a jovem mesmo sob os protestos de Yurippe.

Ao ficar de frente com a jovem, esta, sem razão aparente, invoca uma adaga da mão e perfura o coração de Ootonashi. No dia seguinte, Ootonashi acorda na enfermaria e, após receber 100 violentos golpes de foice aplicados por um rapaz delinqüente, ele “morre”. Despertando normalmente e sem qualquer ferimento 10 minutos depois.

Ootonashi então compreende que está mesmo morto e, no escritório (ou quartel – general) da Frente de Batalha, ele conhece os demais integrantes, como o rapaz da foice, o abestalhado Hinata, a talentosa Yui, o hilariante T.K e outros, todos sob o comando de Yurippe. Todos os integrantes da Frente de Batalha são jovens que morreram prematuramente, sem terem a chance de viver suas vidas. Nesse purgatório semelhante a um colégio repleto de estudantes “artificiais”, eles se recusam a partir lutando contra o “anjo” em busca de uma forma de continuarem vivendo (como é o desejo da maioria) ou ter a chance de encarar Deus e indagar sobre a razão de terem sofrido tanto tem suas vidas para então morrerem prematuramente (no caso de Yurippe).

Sem opção, Ootonashi se junta a equipe, se envolvendo nas mais divertidas e bizarras (além de hilariantes) missões da Frente de Batalha, pois não importa quantas vezes a pessoa “morra”, sempre retornará como se nada houvesse acontecido. Claro que a pessoa sente a dor dos golpes que o levam à “morte”.

Ootonashi encara as missões com disposição mesmo sabendo que algumas sejam absurdas (como roubar tickets refeição dos alunos “artificiais” enquanto os distraem com um show de banda), mas fica incomodado em ter que enfrentar a garota misteriosa que dizem ser o anjo (e oficialmente seja o presidente do Conselho Estudantil, Kanade Tashibana.

Perguntas sobre o que significa esse misterioso “purgatório” e demais fatos semelhantes não são explicados satisfatoriamente e isso se revela um notável falho de enredo. Entretanto, não compromete o conteúdo da história, tampouco mostra-se importante. Pois logo somos atraídos pelos personagens centrais e ficamos interessados em saber como foi a vida que tiveram e a forma como morreram. E, ao sabermos a história cruel de Yurippe, a alegria da espevitada Yui Nyan por estar ali, a busca de Naoi, a resposta encontrada pela bela Yui e principalmente a morte de Ootonashi, faz com que reflitamos sobre conceitos e valorização das coisas simples da vida.

Em meio a cenas de humor escatológicas e divertidas (você realmente irá rir com gosto), temos uma excelente história de drama que nos deixa encantados. A trilha sonora é outro ponto forte em Angel Beats. No melhor j-pop, temos canções agradáveis, animadas e lentas com uma bela letra e que nos faz ouvir mais de uma vez.

Os personagens são cativantes, divertidos e de personalidades bem definidas, sempre caindo no agrado. Mesmo aqueles que aparecem com menor frequência do que os centrais, nos conquistam, principalmente devido as cenas de comédia em que atuam. E repito: você irá rir com eles.

Com excelente animação, a medida que acompanhamos a série por causa de seu humor, logo começamos a perceber o alto nível do enredo. Pois, embora Angel Beats te faça rir, também irá te fazer chorar. E muito. Com cenas tristes acerca da realidade da vida, ainda assim é belo no momento em que os personagens encontram a resposta que tant buscam e são capazes de compreender a razão de ali estarem – uma chance de compensar o que não puderam realizar em vida.

Mas, dentre todas as histórias, nada é mais surpreendente e sublime do que o laço que uno Ootonashi e a misteriosa Kanade. A existência dela e a razão de Ootonashi ainda permanecer ali mesmo tendo recuperado suas lembranças é uma lição para refletir sobre um ato capaz de realmente termos a chance de salvar alguém.

O final de Angel Beats ao som da canção Ichiban no Takaramono é, sem dúvida, um dos mais originais, tristes e belos finais de anime, sendo quase impossível controlar as lágrimas. Principalmente diante da frase de Kanade. – “Para agradecer ao presente que você me deu, eu precisava dizer, obrigado.”

Angel Beats é um anime altamente recomendado para aqueles que apreciam uma história certa, divertida e cativante, dotada de originalidade ímpar.

~*~