El Hazard -The Magnificent World

Como mencionado no post anterior, falarei agora, com maior profundidade, acerca das versões originais de El Hazard que são o mangá e a primeira série de OVA.

O estúdio “(nome aqui)” é famoso por fazer diversas versões de uma mesma obra, o que costuma confundir e até aborrecer os fãs. O maior exemplo disso é sobre o anime Tenchi Muyo (aguardem matéria!) que até hoje confunde com suas histórias e personagens de universos paralelos. A intenção disso é apenas lucro, pois vemos uma queda sutil de qualidade de roteiro quando comparado á obra original.

El Hazard – The Magnificent World é fantástico. O mangá pode até passar meio despercebido, mas os OVAS baseados nele são uma verdadeira jóia preciosa, sendo um dos únicos casos em que a adaptação em anime supera a obra original, tanto em roteiro quanto em caracterização dos personagens.

Porém, tanto o mangá quanto o OVA original, possuem semelhanças e diferenças. Podemos dizer que um meio que completa o outro para esclarecer determinadas coisas, embora às vezes possamos enxergar como histórias distintas. Isso provavelmente foi intencional e uma forma de popularizar a obra. Mas o caso é que El Hazard – mangá e OVA, são deliciosos, cativantes e divertidos.

E por isso mesmo (e por El Hazard ser uma obra que me encantou desde o princípio) que falarei em um post especial. Sejam então bem vindos a El Hazard – The Magnificent World.

Como quase toda obra de sucesso, El Hazard, teve seu início em mangá. Tendo somente 3 volumes (publicados em 6 volumes no Brasil pela editora Conrad), a obra foi criada pro “(nome aqui)”.

Tendo um traço simples e sutilmente infantilizado, a história segue um ritmo rápido e preciso, sem muitos clichês e quase total ausência de enrolação. A história alterna momentos de aventura e humor com um pequeno toque de romance. Todos os personagens são agradáveis, como o histérico Jinnai, o professor Fujisawa, a explosiva Shayla-Shayla... mas claro que nenhum deles se compara a Ifurita.

Não me abastarei aqui em fazer uma sinopse da obra, pois isto já foi feito na primeira parte da postagem aqui. E porque o início tanto do mangá quanto o OVA são semelhantes e o decorrer da história também – claro que com exceções . Mas a essência é a mesma. De modo que irei ressaltar determinados pontos do mangá e do OVA.

- Makoto Mizuhara é um adolescente bem comum, não é um gênio mas também não é um idiota. É bonitinho e simples. No mangá ele é mais desinibido, confuso e um pouco abestalhado; no OVA porém ele se apresenta um pouco mais sério, confiante e compreensivo.

- As três sacerdotisas: Miz Mishtal, Shayla-Shayla e Afura Maan estão idênticas tanto física e quanto psicologicamente. Em ambos casos, é a explosiva Shayla que se destaca, seguido por Miz. Afura é neutra nas duas obras – mesmo sendo a mais bela das três.

- Talvez o histérico maníaco Jinnai (certamente o melhor personagem da obra) está idêntico. Porém, no OVA ele consegue ser ainda mais hilário. Aliás, é esse dinamismo de Jinnai que o torna excelente em todas as versões da obra.

- A Tribo Fantasma possui distinções no OVA e no mangá. No OVA atua de forma mais secreta e sutil – apresentando apenas três membros – incluindo o líder Galus. No OVA eles atacam de frente e muitos outros membros surgem.

- Professor Fujisawa logicamente, é hilário e quase não há diferença entre OVA e mangá. Porém no OVA, ele sofre terríveis crises de abstinência por cigarros e saquê. E a magnitude de sua força física é mostrada de forma diferente; mas ambas nos deixam surpresos.

- No mangá a princesa Rune Vênus é muito participativa nas aventuras, se apaixonando por Makoto, assim como ocorre na série de TV- aliás, sua aparência física é igual a do anime. Já a Rune Vênus do OVA é belíssima e aparenta ser mais velha. Ela não participa ativamente dos acontecimentos, limitando-se ao palácio, na demonstração de seus deveres burocráticos.

- Alielle está igual. Grita bastante e fica fascinada (e também excitada) por Afura, Shayla e principalmente Nanami. No OVA ela ainda é uma ninfomaníaca e amante da princesa Fatora.

- Princesa Fatora – a irmã caçula de Rune Vênus existe apenas no OVA e sua semelhança física com Makoto é absurdo. Tanto que no OVA Makoto foi obrigado a se passar por ela para não causar divergências no reino. Aparece apenas no último capítulo da série e possui uma personalidade deveras excêntrica e autoritária.

- O gatinho protetor Ura é um macho no OVA, no anime é fêmea e no mangá não se sabe.

- O sascínio e ousadia de Miz Mishtal sobre Fijisawa (e casamento) é idêntico, mas no OVA ela consegue ser ainda mais obsessiva. Impossível não rir quando os olhos dela brilham ao saber que Fujisawa possui uma renda estável como professor...

- As discussões de Shayla e Afura são mais brandas do que no mangá.

- No OVA, Ifurita é a única ciborgue considerada uma deusa-demõnio a aparecer, dando a entender que é única. Porém, no mangá ela luta com outros dois deuses-demônios: “(nome aqui)” e Genistácio, sob o controle da Tribo Fantasma, o que nos leva a concluir que existem diversos tipo de deuses-demônios e que Ifurita é o melhor e mais poderoso deles.

- No mangá, Makoto descobre as ruínas de El Hazard no subterrâneo do colégio Shino – nome após cair em um buraco. No OVA, as ruínas já haviam sido descobertas e Makoto chega até lá como que impelido por um pressentimento.

Ah, Ifurita. É impossível nas nos encontrarmos com ela, tanto no OVA quanto no maná. Desde o primeiro momento sua beleza e postura nos atrai e ficamos instigados e intrigados com sua presença.

Ela é a grande arma de destruição, dotada de um poder devastador. Uma arma e inteligência artificial tão perfeita que chega a ser tão humana que passamos a ver como um tipo de deusa.

No mangá Ifurita demonstra ser mais expressiva, dinâmica e compreensiva. Ao confrontar seu “eu” mostra-se bem humana e expõe melhor seus sentimentos. No OVA porém, ela é fascinante, surreal como uma boneca viva. Consciente de seu poder e deveres, ostenta um semblante indecifrável e grande poder de destruição. É até um pouco mecânica, mesmo repleta de sentimentos.

Na questão psicológica, Ifurita no OVA faz mais jus de inteligência artificial do que no mangá. Cada gesto e palavra dela interessante.

No mangá, porém, conhecemos um pouco sobre como e porque Ifurita foi criada porém, os sentimentos de tristeza a cerca de sua existência, são melhor demonstrados no OVA.

Assim, embora sejam a mesma personagem, a Ifurita retratada no OVA é incomparável.

O final é o mesmo. Mas, enquanto o mangá termina de forma agradável, o final do OVA é simplesmente lindo, com retratos sobre o que poderia acontecer depois, embora a pergunta sobre a relação dos protagonistas nos deixe apreensivos e satisfeitos ao mesmo tempo.

O mangá e o OVA foram lançados próximos um do outro, como o próprio mangá prova em uma propaganda do OVA. Há também no mangá o desenho de um personagem que só aparece no OVA.

A simplicidade de Makoto e o charme que até ele próprio desconhece, bem como sua honestidade e senso de justiça tem o poder de conquistar as belas mulheres; sua amiga de infância Nanami, Shayla-Shayla, Rune Vênus e talvez até Afura Mann. Mas o coração dele pertence unicamente a bela ciborgue Ifurita – que retribui esse amor.

A forma como Ifurita é libertada do sistema que a obrigada a obedecer a pessoa que lhe despertasse no mangá é ocasionada pela própria força dela, em seu amor próprio para salvar Makoto. No OVA é Makoto que a liberta fazendo-a mostrar um lado frágil.

Tanto o mangá quando o OVA de El Hazard são recomendados. Porém, há uma magia especial na animação. Em 7 capítulos, El Hazard – The Magnificent World é fascinante. Não apenas pela excelente animação (os efeitos de poderes é ótimo), mas pela caracterização dos personagens. No mangá parece até um pouco amador, mas no OVA é de um profissionalismo impar. Destaque para a melancólica Rune Vênus e a beleza de Ifurita.

O OVA é ainda mais adulto e ousado que o mangá. É também mais sentimental e profundo. Os encontros entre Makoto e Ifurita e a exclamação dolorosa dela ao dizer que não tinha um coração é doloroso – afinal sabemos o tempo todo que ela tem muitos sentimentos e graças ao seu poder, Makoto é capaz de compreendê-la.

As partes de humor são ainda melhores no OVA: os flash-backs de Jinnai a cerda de sua rivalidade de Makoto é impagável – mas nesse ponto o mangá está a altura com a histeria de Jinnai ao ser expulso do grupo estudantil.

O despertar de Ifurita diante de Makoto antes de ela o enviá-lo para El Hazard é simplesmente lindo no OVA. E o mesmo vale para a última cena.

A abertura do OVA é genial e parece coisa de filme de fantasia, com uma música que mescla arranjos orquestrados com clima arábico.

Enfim, El Hazard – The Magnificent World é irresistível tanto por sua história quanto por seus personagens. Uma obra que mexe com a imaginação e aguça nosso gosto pela fantasia.

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