As Crônicas de Nárnia - Os Filmes

Quando a adaptação de C.S. Lewis surgiu nas telas do cinema, o sucesso foi imediato. A marca Nárnia faturou milhões em diversos lugares do mundo, atraindo atenção e carinho do público, crítica e fãs.

Para o alienado, é preciso saber que a saga de As Crônicas de Nárnia pertencem a um conjunto de 7 livros infanto/juvenis escritos por C.S. Lewis em meados da década de 40. Lewis era grande amigo do homem que criou o maior conto de fantasia e uma das literaturas mais importantes do mundo: J.R.R. Tolkien.

Mas não me estenderei aqui falando sobre os livros, as amizades de Lewis, as referências místicas da obra e tudo o mais – isso ficará para artigos posteriores. Me dedicarei aqui a falar sobre as adaptações dos estúdios Disney em parceria com a Walden Media e que elevaram a obra de Nárnia á um novo patamar.

- O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa

A primeira adaptação na verdade pertence ao segundo livro. O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa é a história mais conhecida das sete e também uma das mais encantadoras.

Nela, somos apresentados aos quatro irmãos Pevensie (Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia) que são mandados para a casa do professor Kirke no campo, á fim de ficarem longe da guerra (a época é a Inglaterra por volta de 1942). Lá, a caçula Lúcia adentra um guarda-roupa que a leva para o fantástico mundo de Nárnia. Após conhecer o fauno  sr. Tunmus ela consegue convencer seus irmãos a atravessarem o guarda-roupa. Nárnia encontra-se em um inverno de mais de 100 anos impostos pela terrível Feiticeira Branca.

O egoísta Edmundo alia-se inicialmente a feiticeira para logo perceber o erro que cometeu enquanto seus irmãos enfrentaram outros perigos em uma terra povoada por incríveis criaturas mitológicas e animais falantes.

Os quatro irmãos descobrem que pertencem a uma antiga profecia, que poderá salvar Nárnia da tirania da feiticeira. Além de contar com a ajuda dos narnianos, eles terão o auxílio do sábio leão Aslam, o verdadeiro senhor de Nárnia.

Esse filme tornou-se uma fantástica adaptação, enriquecendo a obra original. As quatro crianças estão excelentes em seus personagens, principalmente Lúcia e Tilda Swinton está fenomenal como a Feiticeira. Aslam então é perfeito, e todas as criaturas criadas em computação gráfica possuem movimentos realistas e bem sincronizados.

O filme possui riqueza de detalhes em diversas cenas, mas sem dúvida uma das melhores é da grande batalha. Nela, os produtores puderam explorar á vontade (pois no livro, a grande batalha se resume á uma página) de modo que vemos um excelente trabalho de computação gráfica. A feiticeira revela-se uma invejável  e hábil espadachim. Mas, por ser um filme infantil, não há banhos de sangue e isso não compromete em nada a história.

Uma adaptação digna, com alterações que enriquecem o enredo e tornam O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa inesquecível.

- Príncipe Caspian

A segunda adaptação refere-se ao quarto livro das aventuras em Nárnia e, embora os 4 irmãos possuam participação de destaque (principalmente Pedro e Susana) o protagonista dessa história é o príncipe Caspian do título (interpretado formidavelmente por Bem Barnes). Esta adaptação toma mais liberdades com relação ao livro original do que o primeiro filme, mas isso não compromete a produção.

Fugindo de ser assassinado pelas tropas de seu tio usurpador Miraz, Caspian adentra na floresta onde refugiam-se os últimos narnianos e, em um momento da fuga, Caspian toca a trompa da rainha Susana antes de ser capturado por anões.

Enquanto isso, pouco tempo se passou desde que os Pevensie visitaram Nárnia e governaram como reis e rainhas. Em Londres eles parecem estar tendo dificuldades de socialização e, ao pegarem o trem, os jovens são misteriosamente levados a Nárnia.

Ao chegarem no lugar, descobrem que passou-se milhares de anos desde que governaram e o palácio em que viveram não passava de ruínas.

Depois de alguns contratempos, os irmãos encontram-se com os narnianos que pretendem combater a tirania de Miraz. Caspian está com eles e juntos – apesar do confronto de ideias entre Pedro e Caspian – planejam um combate contra as tropas de Miraz para recuperarem o que lhes é devido.

O filme possui excelentes cenas de ação, concentrando-se na invasão a fortaleza de Miraz e na grandiosa batalha de campo. Embora esta batalha não se compare a do primeiro filme, ainda assim é muito bem articulada, seguindo a trajetória do livro (como o duelo de espadas entre Pedro e Miraz) mas tomando certas liberdades (ver Susana em batalha é legal). Entretanto certas adaptações do filme indignaram fãs puritanos como o discreto romance entre Caspian e Susana – que jamais existiu no livro. Se bem que depois de ver, até nos simpatizamos com isso.

Os efeitos especiais continuam excelentes, principalmente no movimento e expressões dos animais e, como sempre Aslam está hipnotizante. O elenco – do primeiro ao segundo filme manteve-se ótimo – todos os atores e atrizes são ingleses e todo o filme foi rodado por lá. Com uma despedida e um final cativante (talvez pela presença de Caspian e principalmente por Aslam), o enredo de Príncipe Caspian nos deixa ansiosos por mais.

- A Viagem do Peregrino da Alvorada.

A terceira adaptação é referente ao quinto livro de Nárnia e produzido pela Walden Media em parceria com a 20th Century Fox – os estúdios Disney já não possuem os direitos – mas isso não diminui a qualidade técnica da obra.

Na história, dessa vez, tendo que conviver na casa de parentes, Lúcia e Edmundo são obrigados a aturar seu insuportável primo, Eustáquio. Ao observarem um quadro em que havia um oceano e um veleiro ao longe, subitamente a água começa a encher o quarto e os irmãos logo se veem nadando no oceano com Eustáquio, enquanto o gigantesco veleiro se aproxima. Ao serem colocados a bordo, Edmundo e Lucia reencontram Caspian – agora coroado rei de Nárnia – que junto com uma valente tropa segue jornada rumo as Ilhas Solitárias.

Seu objetivo é encontrar os setes lordes de Telmar – homens sábios que outrora foram amigos de seu pai. Mesmo sendo uma jornada longa e predizendo perigos desconhecidos, os irmãos logo se empolgam com a aventura. Mas o mesmo não pode se dizer de Eustáquio. Sempre reclamando, criticando e se irritando com tudo, ele acredita que está no meio de lunáticos e entra em confronto com o valente rato Ripchip.

Durante a jornada, eles descobrem que uma misteriosa fumaça verde está fazendo pessoas desaparecerem e que se é preciso reunir as sete espadas sagradas que estão em posse dos lordes desaparecidos para que assim livrem-se desse mal. E, para isso, Caspian, Lúcia, Edmundo e até mesmo Eustáquio precisarão enfrentar seus maiores receios e descobrir a força das decisões que carregam consigo.

Este filme não possui uma batalha épica, concentrando-se mais nos conflitos internos dos personagens, principalmente Lúcia e Eustáquio. No geral, o ponto alto do filme seria o combate na Ilha Negra contra a terrível e gigante serpente marinha que realmente dá uma bela amostra de efeitos especiais.

Porém, talvez a melhor cena seja a última, com a chegada ao país de Aslam em que, através de uma mensagem bela e enigmática, encerra a jornada dos irmãos Pevensie.

O Terceiro livro poderia ser o último adaptado para cinema, porém tendo os produtores encontrado em Will Pollter o Eustáquio perfeito, muitos rumores correm nos bastidores. Haverá outro filme: a continuação A Cadeira de Prata, ou uma volta às origens com a produção referente ao primeiro livro (e consequentemente criação de Nárnia) intitulada O Sobrinho do Mago.

Resta-nos então aguardar com expectativa e torcer para que todos os 7 livros sejam adaptados ao cinema para nosso deleite.

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